Paulo Rios na calha para lugar de Sarmento

O caminho de Joaquim Miranda Sarmento na direção da bancado do PSD ‘está a chegar ao fim’. Paulo Rios de Oliveira e João Moura são os nomes mais falados para o substituir.

As críticas vêm a acumular-se e a contestação segue em crescendo desde que Joaquim Miranda Sarmento substituiu Paulo Mota Pinto na direção da bancada social-democrata há praticamente um ano. E nos corredores da Assembleia da República já começam a notar-se algumas movimentações preparatórias de uma eventual sucessão na liderança do grupo parlamentar do PSD.

Ao que o Nascer do SOL apurou, a saída de Joaquim Miranda Sarmento já está a ser preparada  e espera-se que aconteça até setembro. «Toda a gente já percebeu que o caminho de Joaquim Miranda Sarmento chegou ao fim», refere um deputado social-democrata. 

«As prestações do líder parlamentar são infelizes e dentro da própria direção já se nota algumas discordâncias na forma como Joaquim Miranda Sarmento conduz os assuntos», acrescenta outro deputado desalinhado.

Um grupo de críticos do atual líder do grupo parlamentar sente que cada vez mais há um fosso maior entre os deputados e a própria direção da bancada. «Parece haver ali uma espécie de dream team que se está a marimbar para os restantes deputados e que está completamente obediente à direção nacional do partido. Parece uma daquelas caixinhas de música que se abrem e em vez de lá estar o Luís Montenegro está Joaquim Miranda Sarmento». 

Neste momento, segundo fontes ouvidas pelo Nascer do SOL, a direção nacional do partido estará a tentar preparar uma saída airosa para tirar Miranda Sarmento da ação política de primeira linha no Parlamento, de forma a que não saia nem melindrado nem humilhado.

«Quando as coisas começam a cheirar a podre também se começa a pensar em construir uma nova solução», sublinha um dos críticos do líder parlamentar, reclamando uma liderança «mais agregadora, mais envolvente e abrangente que permita de uma vez por todas ao grupo parlamentar ter alguma dignidade na prestação política» e que permita aos deputados «apoiar condignamente o presidente do partido».

Apesar de ainda nada estar fechado, há dois nomes que se perfilam como potenciais substitutos de Miranda Sarmento na liderança da bancada social-democrata. Um deles é Paulo Rios de Oliveira, que, na ótica dos deputados desalinhados, ganha a dianteira pela «excelente prestação» que tem tido  na comissão parlamentar de inquérito à TAP. 

«O deputado Paulo Rios de Oliveira tem feito esse esforço de se chegar a uma ala mais descontente  e granjeou a simpatia da  maioria dos colegas, portanto, conseguirá dissuadir  um conjunto de deputados», argumenta um parlamentar do PSD.

João Moura, que assumiu recentemente as funções de primeiro vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, também é um dos nomes na calha para substituir Miranda Sarmento, uma escolha que também agradaria à ala dos desalinhados, uma vez que pode diminuir os danos e pacificar os ânimos na própria direção da bancada.

De resto, tanto Paulo Rios de Oliveira como João Moura são ambos muito próximos da própria direção nacional do partido, o que lhes aumenta as possibilidades. «A direção do grupo parlamentar e a direção nacional do partido têm que estar em uníssono, respeitando a autonomia de cada órgão. Não faz sentido haver uma espécie de luta interna e fraticida entre os deputados para saber qual das linhas é que se afirma mais», defende uma fonte social-democrata.

Ao longo do último ano, a contestação a Joaquim Miranda Sarmento tem agitado a bancada social-democrata devido a uma sucessão de episódios que envolveram casos de deputados afastados, um apelo ao voto num candidato do Chega para vice da Assembleia da República e um projeto de revisão constitucional feito à margem dos parlamentares.

A acrescentar a este leque, o descontentamento dos deputados tomou novas proporções com a terceira baixa na direção parlamentar do PSD num só ano.

Depois de Joaquim Pinto Moreira ter abandonado as funções de vice-presidente pelo envolvimento na Operação Vórtex, e de Ricardo Baptista Leite ter suspendido o mandato devido a uma proposta de trabalho que o obriga a estar fora do território nacional, também Luís Gomes, deputado eleito pelo circulo eleitoral de Faro, deverá pedir a suspensão do mandato no final do mês ou no fim da sessão legislativa, após ter recebido uma oferta de trabalho que o vai obrigar a ausentar-se do da Assembleia da República.

Os três assumiam funções de vice-presidentes e estavam a tutelar três áreas muito importantes a nível político: Defesa, Saúde e Poder Local. 

Outro dos episódios que não agradou ao grupo de deputados sociais-democratas que está em rutura com a direção da bancada liderada por Joaquim Miranda Sarmento foi a forma como foi tratado o caso Tutti Frutti, que visa o deputado Carlos Eduardo Reis.

«O líder da bancada ficou praticamente sozinho contra todos os deputados que ficaram solidários com Carlos Eduardo Reis. Foi um sinal de que Miranda Sarmento é para deixar cair porque já não tem condições para continuar», afirma  uma fonte social-democrata ao Nascer do SOL.

Apesar de as críticas não se dissiparem, o líder parlamentar do PSD considera que tem todas as condições para se manter no cargo, respondendo assim aos pedidos para que se afaste. Em declarações recentes à Renascença, Miranda Sarmento garantiu que quando achar que já não tem condições para liderar a bancada não hesitará em prescindir do lugar: «Se há pessoa naqueles 230 deputados que tem um desapego pelo lugar… não há ninguém que tenha maior desapego pelo lugar do que eu (…) Mas enquanto sentir que a esmagadora maioria dos meus colegas confia em mim, eu serei líder parlamentar. No dia em que a maioria dos meus colegas não confiar em mim, então aí não tenho condições».