FNAM acusa o Ministério da Saúde de estar a "tratar os médicos como bolachas".
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) anunciou, este sábado, que vai manter a greve para 5 e 6 de julho e que não exclui paralisações em agosto,
"O Governo tem tratado os médicos do SNS [Serviço Nacional de Saúde], e sobretudo a saúde em Portugal, com enorme falta de respeito (…). Temos greve marcada para a semana [5 e 6 de julho] e não excluímos a hipótese de fazer na primeira semana de agosto", disse a presidente da FNAM, acusando o Ministério da Saúde de estar a "tratar os médicos como bolachas".
Para a FNAM, “a valorização do trabalho médico tem de ser baseado no salário base e não em critérios de produtividade”.
“Os médicos e as médicas não são como bolachas numa fabrica", sublinhou Joana Bordalo e Sá, numa conferência de imprensa no Porto, após um Conselho Nacional que durou mais de cinco horas.
A responsável disse que as condições de trabalhos dos médicos pioraram ainda mais no período pós-pandemia e sublinhou o facto de 17% dos portugueses não terem médico de família e de estarem a “ser encerradas urgências de ginecologia e obstetrícia por todo o país”.
Para a FNAM, a proposta do Governo, após 14 meses de negociações, é “inadmissível” e “mais parece um rascunho”.
“Apenas está prevista uma valorização salarial se os médicos produzirem mais, mas os médicos não funcionam como numa fábrica. Trabalham num centro de saúde ou num hospital a ver doentes, a atender e a ajudar utentes. Não é possível usar métodos de produção nesta área”, lamentou Joana Bordalo Sá.
Sublinhe-se que a confirmar-se a realização de greve em agosto, esta acontecerá na semana em que se realiza em Portugal a Jornada Mundial da Juventude, um evento que pode juntar um milhão de pessoas em Lisboa.