Batalha pela sustentabilidade

Já no ano de 2024, temos a perspetiva de chegar às 4332 toneladas de restos de comida que deixem de ir parar a aterro e passem a ser utilizadas para produção de energia e fertilizante.

Na conferência ‘O Peso dos Biorresíduos’, que decorreu no final do passado mês de junho, no Mercado da Vila, e que contou com a presença do secretário de Estado do Ambiente, Hugo Polido Pires, a Cascais Ambiente e a Tratolixo responsável pela gestão de resíduos demonstraram que a escolha de um sistema que se baseia na separação doméstica e na deposição dos sacos verdes nos contentores de lixo indiferenciado tem dado bons resultados. 
Até ao momento, o concelho de Cascais tem 10 circuitos de camiões de recolha abrangidos por este sistema, cerca de 30 mil famílias aderentes e conseguiu recolher para reciclar 511 toneladas de restos de comida em sacos verdes, o que corresponde a 22% do potencial de recolha.
É expectável que até ao final ano de 2023, com um crescimento médio de 17 mil pessoas por mês, seja possível atingir as 2408 toneladas nesta recolha.

Já no ano de 2024, temos a perspetiva de chegar às 4332 toneladas de restos de comida que deixem de ir parar a aterro e passem a ser utilizadas para produção de energia e fertilizante.
A sensibilização porta-a-porta é um fator decisivo para o sucesso desta recolha que vai ser obrigatória por lei em 2024. A comunicação com uma mensagem clara e a adaptação do discurso a cada uma das pessoas tem-se revelado um aspeto essencial.
A recolha de biorresíduos em sacos verdes no contentor do lixo indiferenciado é uma oportunidade para aumentar as taxas de separação dos outros materiais recicláveis e uma metodologia que permite pensar em novos fluxos a serem recolhidos em co-coleção. 
Este é mais um passo consistente para salvar o planeta do aquecimento global. 
Quando se olha para o gigantismo das alterações climáticas, há quem passe, até como forma de desresponsabilização individual, o ónus de atuação para os governos ou para as instituições multilaterais. As orientações políticas, os quadros normativos e os grandes pacotes de investimento são desenhados pelos Estados ou por organizações supranacionais. Porém, creio que é na ação do poder local que se joga a nossa capacidade de perder ou ganhar a batalha pelo clima.
É no somatório de pequenos passos individuais que se operam grandes transformações globais. 
Em Cascais as preocupações ambientais tutelam transversalmente todas as áreas de atividade municipal e estão na base do nosso desenvolvimento estratégico. 

Na mobilidade, com o programa de transportes públicos rodoviários universal e gratuito, com autocarros de última geração menos agressores do ambiente, com mais de 6,5 milhões de km percorridos anualmente. 
Com a inclusão de dois autocarros movidos a hidrogénio na frota de serviço público, num total de dez novas unidades movidas a energia limpa. Ou com a renovação de toda a frota municipal, constituída apenas por veículos elétricos ou híbridos. 
A nossa ambição de sustentabilidade é visível na produção e uso de energia. 
Iniciámos a transição para uma economia movida a hidrogénio, sendo pioneiros no lançamento da primeira estação de produção de H2 no país – um investimento de 4,5 milhões de euros. 
Abrimos caminho para as comunidades locais de energia. Isto é, estamos a apoiar a colocação de painéis solares em edifícios públicos de grande dimensão, que geram energia para si mesmo e para as comunidades circundantes. Cascais foi o primeiro município do país a lançar um Roteiro Municipal para a Neutralidade Carbónica. 
Apontamos para a neutralidade nas emissões em 2030.
Ao mesmo tempo, lançámos as bases do Conselho Municipal para a Ação Climática, envolvendo todos os stakeholders relevantes para a transição para a sustentabilidade. 
A nossa batalha pela sustentabilidade faz-se operando sobre o território. 

Entre dezenas de outras iniciativas, sublinharia três que colocam Cascais na vanguarda ambiental: (1) os 50 milhões de euros investidos na recuperação de ribeiras e cursos de água, patrimónios ambientais que foram degradados durante décadas, ao ponto de se tornarem passivos para o ordenamento urbano e para a qualidade das nossas águas; (2) um novo Parque Verde Urbano com mais de 40 hectares, a nascer no coração do concelho, na junção das freguesias de Cascais e Estoril, Alcabideche e São Domingos de Rana; (3) a Plantação de Algas no Fundo do Mar com o duplo objetivo de capturar CO2 e aumentar a biodiversidade marinha. 
Estas linhas mostram o caminho feito – e, sobretudo, o muito que está ainda por caminhar para que a nossa ambição de um concelho (de um país e de um mundo) melhor se concretize.