Por Raquel Abecasis
Paulo Portas e Álvaro Beleza são os cabeças de cartaz da Universidade de verão do PSD. No acontecimento que é considerado como o segundo momento da rentrée dos sociais-democratas, os 100 jovens que todos os anos frequentam um curso intensivo de preparação para uma intervenção cívica qualificada vão ouvir e poder fazer perguntas a dois homens que estão fora dp universo laranja, mas que congregam a simpatia de algum do seu eleitorado.
Paulo Portas substitui este ano Luís Marques Mendes, o convidado do ano passado. Concorrentes não só no comentário político nos dois principais canais de televisão, Marques Mendes e Paulo Portas são também dois dos putativos candidatos da direita à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa na Presidência da República.
O convite ao antigo líder do CDS é encarado por alguns sociais-democratas como uma abertura do partido a um possível apoio do PSD a uma candidatura presidencial de Paulo Portas.
O fator determinante, dizem-nos, é saber quem está em melhor posição na grelha de partida para suceder a Marcelo: se Paulo Portas, se Marques Mendes. E esses são os dados importantes a levar em linha de conta. Por isso, nada melhor do que estabelecer relações iguais com os dois protagonistas.
Na leitura de Carlos Coelho, o organizador da Universidade de Verão, a escolha de Portas e Beleza tem que ver, essencialmente, com o objetivo de não fechar este evento dentro das fronteiras estritamente partidárias. «A Universidade de verão tem 20 anos e sempre tivemos como propósito que não fosse um evento de cariz partidário exclusivo. Por isso, sempre procurámos incluir participantes que não fossem da área do PSD. Este ano, os convites a Paulo Portas e Álvaro Beleza para virem aos nossos jantares conferência, são um bom exemplo disso», disse-nos o eurodeputado Carlos Coelho.
De facto, em edições anteriores da Universidade de Verão participaram outras figuras políticas que não estão ligadas ao PSD, como é o caso de Francisco Assis. Mas os convites para esta rentrée académica do PSD, são sempre passados a pente fino, porque normalmente têm um significado político e dão sinais sobre possíveis aberturas do partido ao apoio de pessoas ou ideias que venham de fora do núcleo duro social-democrata.
Uma coisa é certa, Paulo Portas e Álvaro Beleza são duas figuras que se destacaram este ano pelas posições que tomaram. No caso de Portas, a forma como foi construindo uma imagem de senador da política portuguesa, qualificando-o como putativo candidato às presidenciais de 2026. Álvaro Beleza, presidente da SEDES, como figura proeminente na área socialista que defende um socialismo ao centro, desligado da extrema-esquerda e capaz de criar pontes com o outro partido de centro, o PSD.
Figura tutelar da Universidade de Verão do PSD é o atual Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, que é o social-democrata que mais vezes participou no evento e que este ano também não deverá faltar. «Ainda não acertámos como irá participar, estamos ainda a acertar isso», diz-nos Carlos Coelho, que justifica a presença quase constante do atual Presidente da República com o facto de ter sido ele um dos que, ainda na sua condição de militante proeminente do PSD, mais ajudou a montar esta iniciativa de formação. Essa é a razão, justifica, por que mesmo depois de ter sido eleito Presidente não deixou de querer participar «nas mais diversas formas» neste acontecimento.
E este ano, que coincide também com o ano que marca o início de um novo ciclo político, com as eleições europeias de Junho, não deixa de ser curioso que a Universidade de Verão dos laranjinhas coloque no centro do jogo aquele que é considerado um dos putativos candidatos mais fortes à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa, Paulo Portas.