No espaço de uma semana, o Presidente da República deslocou-se a três países, em dois continentes diferentes: arrancou para a Polónia em visita oficial no passado dia 21, depois seguiu para a Ucrânia para uma visita de dois dias onde se encontrou com Zelensky e terminou a semana em São Tomé e Príncipe na Cimeira da CPLP. Com estas mais recentes viagens, Marcelo Rebelo de Sousa já visitou 52 países, num total de 132 deslocações presidenciais, desde que tomou posse, a 9 de março de 2016.
Esta contagem inclui além de visitas oficiais, deslocações por motivos diversos, divididas por país, para visitar forças nacionais destacadas, comemorações do Dia de Portugal, cimeiras e outras reuniões internacionais, eventos desportivos e culturais, posses e cerimónias fúnebres.
De acordo com o levantamento realizado pelo Nascer do SOL – com base nas resoluções da Assembleia da República que autorizam as visitas oficiais –, entre os últimos cinco Presidentes da República eleitos depois do 25 de Abril, Marcelo é de longe o que mais representou Portugal no estrangeiro.
Ramalho Eanes (1976-1986) fez 28 viagens de Estado ou oficiais enquanto esteve em Belém, 14 no primeiro mandato e outras 14 no segundo. Já Mário Soares (1986-1996), o segundo mais viajado até agora, totalizou 48 deslocações ao estrangeiro, 22 no primeiro mandato e 26 no segundo mandato. O seu sucessor Jorge Sampaio (1996-2006) ficou atrás, mas por pouco, tendo realizado ao todo 45 viagens nos dez anos em que esteve em Belém. Foi também o primeiro Presidente da República a deslocar-se aos cinco continentes. Cavaco Silva também conseguiu esse feito, mas foi o que menos viajou ao estrangeiro. O número total de visitas oficiais não ultrapassou as 26, durante os dois mandatos. Comparativamente, em apenas sete anos, Marcelo já viajou cinco vezes mais que o seu antecessor.
Com uma agenda no plano externo continuadamente intensa desde o início de funções, a deslocação que gerou mais controvérsia na Assembleia da República foi a ida ao Mundial de Futebol do Qatar, em novembro do ano passado, que contou com os votos contra de Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda, PAN, Livre e quatro deputados do PS e abstenções de Chega, três deputados do PS e três do PSD.
Também houve divergências em relação às suas idas a Angola para o funeral do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, com votos contra de Iniciativa Liberal e Bloco de Esquerda e abstenção do PAN, e para a posse do Presidente João Lourenço, com votos contra do Chega e abstenções de Bloco de Esquerda e PAN – ambas votadas em plenário à posteriori, em setembro de 2022.
Também a recente visita à Ucrânia foi alvo de crítica por parte do PCP, com os comunistas a divergirem das restantes bancadas parlamentares e a considerarem que a deslocação não tinha qualquer «utilidade política».
Os países mais visitados
Marcelo foi também o Presidente da República que menos tempo demorou até à sua primeira viagem oficial. Uma semana depois de tomar posse, foi ao Vaticano e a Madrid, entre os dias 16 e 18 de março de 2016, sendo estas as suas primeiras viagens oficiais enquanto chefe de Estado.
Cavaco Silva fez a sua primeira viagem oficial, a Cabo Verde, 13 dias depois de ser empossado. Jorge Sampaio levou 64 dias a realizar a sua primeira visita oficial, também a Cabo Verde. Já Mário Soares viajou pela primeira vez como chefe de Estado ao estrangeiro, a São Tomé e Príncipe, 271 dias depois de ser empossado. Mas foi Ramalho Eanes quem mais demorou a viajar ao estrangeiro depois de tomar posse: 299 dias.
Entre os países mais visitados por Marcelo Rebelo de Sousa estão Espanha, onde já foi 17 vezes, França, onde esteve 13 vezes, e Estados Unidos da América, país a que se deslocou nove vezes, seis das quais à sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
O Presidente da República deslocou-se oito vezes ao Brasil, seis a Angola, Cabo Verde, Itália e Reino Unido, e quatro a São Tomé e Príncipe.
Foi também três vezes a Andorra, Bélgica, Grécia, Moçambique e ao Vaticano – o primeiro país que visitou no início de cada mandato – , e duas vezes à Alemanha, Bulgária, Malta e Rússia.
Além da Polónia e da Ucrânia, que visitou pela primeira vez este mês de agosto, Marcelo esteve ainda em África do Sul, Afeganistão, Áustria, Catar, China, Chipre, Colômbia, Costa do Marfim, Croácia, Cuba, Egito, Eslovénia, Guatemala, Guiné-Bissau, Hungria, Índia, Irlanda, Israel, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Marrocos, México, Países Baixos, Panamá, República Centro-Africana, República Dominicana, Roménia, Senegal, Suíça, Timor-Leste e Tunísia. O único continente que ainda não foi pisado pelo Presidente da República foi a Oceânia.
Em 2020, fez apenas uma visita de Estado à Índia, por força da pandemia de covid-19 que o obrigou a adiar praticamente toda a sua agenda internacional.
Em visitas a forças nacionais destacadas para missões militares, o Presidente deslocou-se a Kaunas, Lituânia, e Málaga, Espanha, em 2017, à República Centro-Africana, em 2018, ao Afeganistão, em 2019, e à Roménia, em 2022.
Foi ainda ver uma dezena de jogos da seleção portuguesa de futebol no estrangeiro e esteve em mais de 30 encontros multilaterais, desde reuniões da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, a cimeiras ibero-americanas e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e encontros informais de chefes de Estado do Grupo de Arraiolos e da organização COTEC Europa.
Para comemorar o Dia de Portugal junto de comunidades emigrantes, num modelo original que lançou com o primeiro-ministro, António Costa, o chefe de Estado esteve em Paris, em 2016, no Rio de Janeiro e São Paulo, em 2017, na Costa Leste dos Estados Unidos, em 2018, na Praia e no Mindelo, em Cabo Verde, em 2019, e em Londres, em 2022.