Só 16% dos candidatos ao ensino superior não foram colocados na primeira fase. De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), mais de 49 mil estudantes foram colocados (84% dos que se candidataram) o que representa uma diminuição de 0,7% em relação à mesma fase do concurso de 2021 e a que se deve à diminuição de 4% no número de candidatos, para 59073.
No entanto, de acordo com o Ministério de Elvira Fortunato, a percentagem dos que conseguiram lugar tem vindo a crescer. “Entre 2021 e 2023 a taxa de colocação aumentou de 77% para 84%, o que demonstra um crescente ajustamento entre a procura dos estudantes e a oferta das instituições”.
Uns resultados que levaram o Conselho Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) a considerar que os desta primeira fase demonstram que “as instituições, em particular as universidades, adaptaram bem a sua oferta aos desejos dos jovens estudantes que acabaram o ensino secundário e às necessidades do país”.
Para António Sousa Pereira, presidente do CRUP e também reitor da Universidade do Porto, “é muito significativo verificar um menor número de vagas sobrantes, uma subida das colocações dos estudantes nas suas primeiras opções e, especialmente, um aumento da procura em cursos em que Portugal precisa de novas gerações de profissionais, como são as tecnologias de informação e a formação de professores”. E revela que esta é uma evolução no sentido certo, quer no que diz respeito ao desenvolvimento estratégico do país, quer no crescimento de áreas emergentes na economia e na sociedade. “Só com cidadãos mais qualificados e com mais competências Portugal se poderá desenvolver de forma equilibrada e sustentável”.
E apesar dos politécnicos também começarem a ganhar terreno, em termos de captação de alunos, o responsável diz que “as universidades demonstram claramente, neste concurso, que são a primeira opção da maioria dos jovens portugueses para adquirirem qualificações compatíveis com as suas expectativas de futuro” e destaca como “muito positivo” o número de colocados em instituições localizadas em regiões com menor procura e menor pressão demográfica tenha aumentado.
“Universidades como a de Évora, a UTAD ou a da Madeira aumentaram o número de estudantes colocados este ano face a 2022, o mesmo tendo acontecido a vários politécnicos do interior”, acrescentando que “este facto é muito positivo e significa que o trabalho destas instituições para adequarem a sua oferta formativa à procura e às expectativas dos jovens está a ter resultados, devendo esse trabalho ser aprofundado e desenvolvido nos próximos anos”.
De acordo com os dados do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), mais de 19 mil estudantes ficaram colocados em estabelecimentos do ensino politécnico. Trata-se de um número idêntico ao que foi registado em 2022, no entanto, realça que se mantém a tendência dos últimos três anos. “Apesar da redução de cerca de 3% no número de candidatos no ensino politécnico até tivemos um aumento de algumas décimas no número de colocados. Não houve uma descida do número de colocados, o que é muito importante. Significa que os estudantes escolhem estas instituições”, revela Maria José Fernandes, presidente do CCISP.
Termina esta terça-feira, a segunda fase de candidaturas que arrancou a 28 de agosto, já para a terceira, o prazo termina a 25 de setembro. No primeiro caso estão disponíveis mais de cinco mil vagas.
Médias mais altas Tal como tem acontecido em anos anteriores, o curso de Medicina é aquele que apresenta uma das médias mais altas, mas agora enfrenta um concorrente: Engenharia Aeroespacial (18,86), tendo ficado em segundo lugar o curso de Medicina, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, com 18,6 (que em 2022 tinha sido o curso com média mais elevada).
No top 10 dos cursos com notas mais altos encontra-se ainda o de Engenharia Aeroespacial, mas do Instituto Superior Técnico, em Lisboa (18,6), e o mesmo curso da Universidade de Aveiro (18,5). Há ainda uma Engenharia e Gestão Industrial, mais dois cursos de Medicina e uma Bioengenharia. A grande novidade a completar este ranking é o curso de Línguas e Relações Internacionais, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Em todos estes casos deixou de haver vagas para a segunda fase de candidaturas. Isto significa que terá de haver desistências por parte daqueles que foram agora colocados nesses cursos.
Na lista dos 10 cursos com as médias mais baixas e todos com média negativa de 9,5, estão dois cursos do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Agronomia e Gestão (regime noturno). Há ainda o curso de Secretariado, no Instituto Politécnico de Castelo Branco, Gestão de Negócios Internacionais, no Instituto Politécnico de Bragança, e Enologia, na Universidade de Évora.
A Universidade de Évora tem ainda outro curso no fundo da tabela das médias de entrada. Trata-se de Ecologia e Ambiente, da Escola de Ciências e Tecnologia. Bioquímica, na Madeira, e Estudos de Cultura, também na Madeira, assim como Design de Equipamento, na Guarda, e Ciências e Tecnologia do Ambiente, em Beja, completam a lista.
Já num universo de cerca de mil cursos a concurso não sobrou qualquer vaga em 814. Por outro lado, houve 38 licenciaturas em que nenhum foi ocupado.
Alguns institutos politécnicos voltam a ser os menos procurados e com mais vagas livres, como são os casos do Instituto Politécnico de Bragança (que ficou com 944 lugares disponíveis), o de Viseu (462) ou de Braga (339 lugares).