Esta segunda-feira, o Banco Mundial alertou que, caso haja uma escalada no conflito do Médio Oriente, os preços do petróleo e dos alimentos podem elevar-se para níveis desconhecidos.
Na mais recente edição, do relatório do Banco Mundial sobre Perspetivas dos Mercados de Commodities (em português, matérias-primas), lê-se que “atualmente a economia está muito mais bem preparada para ligar com grandes choques nos preços do petróleo que na década de 1970”.
Contudo, um agravamento na guerra entre Israel e o Hamas, em conjunto com “as disrupções causadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia poderia levar os mercados globais de commodities” a terreno desconhecido.
Tendo por base o relatório, os efeitos do conflito nestes mercados “têm sido limitados até agora”, alíás, o Banco Mundial refere que “os preços globais do petróleo subiram cerca de 6% desde o início do conflito” e a nível de produtos agrícolas não houve praticamente alteração.
De acordo com a previsão de referência do Banco Mundial, “os preços do petróleo devem atingir uma média de 90 dólares por barril neste trimestre, antes de recuarem para uma média de 81 dólares por barril no próximo ano, à medida que o crescimento económico global desacelerar”.
Porém, as perspetivas “piorariam rapidamente se o conflito se agravasse”, sendo que o relatório descreve o que pode acontecer em três cenários de risco, “com base em experiências históricas desde a década de 1970”, dependendo do grau de perturbação na oferta do petróleo.
O primeiro cenário, o de “pouca disrupção”, prevê que a oferta global de petróleo seria reduzida de 500 mil a 2 milhões de barris por dia, que é aproximadamente o equivalente à redução observada durante a guerra civil da Líbia em 2011.
Neste cenário, o preço do petróleo aumentaria, inicialmente, de 3% a 13% em relação à media para o trimestre atual, e o barril aumentaria para 93 e 102 dólares.
Num contexto de “disrupção média”, equivalente à guerra do Iraque em 2003, a oferta global de petróleo diminuiria de 3 milhões a 5 milhões de barris por dia, fazendo com que os preços do petróleo subissem inicialmente entre 21% e 35% – ou seja, de 109 a 121 dólares por barril.
Num cenário de “grande disrupção”, comparável ao embargo petrolífero árabe em 1973, a oferta global de petróleo cairia de 6 milhões a 8 milhões de barris por dia, fazendo com que os preços subissem inicialmente entre 56% e 75%, o que equivaleria a um preço de 140 a 157 dólares por barril.
“Se os preços do petróleo sofrerem um grave choque, isso aumentaria a inflação dos preços de alimentos, que já tem estado alta em muitos países em desenvolvimento. No final de 2022, mais de 700 milhões de pessoas – quase um décimo da população mundial – sofriam com subnutrição. Uma escalada dos conflitos intensificaria a insegurança alimentar, não somente na região, mas também no resto do mundo”, alertou.