A decisão de Marcelo Rebelo de Sousa de dissolver a Assembleia da República e convocar eleições foi a hipótese que gerou mais posições favoráveis nas suas reuniões com os partidos, mas o mesmo não aconteceu entre os seus conselheiros de Estado, que estavam divididos por igual, como o próprio Presidente revelou na sua comunicação ao país.
O chefe de Estado informou ainda que António Costa ficará em funções até às eleições legislativas e que a sua exoneração será formalizada em dezembro, para que o Orçamento do Estado para 2014 seja aprovado antes.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que, tomada a decisão de convocar eleições, tentou “encurtar o mais possível” o prazo até à sua marcação e explicou que “se não foi possível mais breve, tem a ver com o processo de substituição na liderança do partido no Governo”.
“Pela primeira vez em democracia, um primeiro-ministro ficou a saber que ia ser objeto de processo autónomo sob jurisdição do Supremo”, vincou, antes de tecer vários elogios a António Costa.
Sublinhou a “elevação do gesto” do primeiro-ministro ao pedir a demissão e na sua “comunicação aos portugueses”. Destacou o “serviço à causa pública”, particularmente em “longos e exigentíssemos anos”. Sobre a investigação, manifestou o desejo de que “o tempo permita esclarecer o sucedido”.
Dirigindo-se aos portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa quis deixar um apelo: “Agora trata-se de olhar em frente, estudar o passo, escolher os representantes do povo”. Defendeu que é necessário um “governo com visão de futuro tomando o já feito, acabando o que importa fazer e inovando no que falta alcançar”.
“Devolvo a palavra ao povo. A força da democracia é não ter medo do povo. Confio em vós, no vosso patriotismo, experiência, bom senso, liberdade. Sóis vós e só vós a certeza decisiva do futuro do nosso Portugal”, concluiu.