O antigo ministro e ex-dirigente do PS António Vitorino assegurou, esta terça-feira, que não foi contactado, na sequência da demissão do primeiro-ministro, acerca de uma eventual substituição de António costa.
O nome de António Vitorino tinha sido avançado como um dos apontados por António Costa para o substituir, num cenário que não passasse por eleições antecipadas, que, no entanto, viriam Acer convocadas pelo Presidente da República.
“Ninguém falou comigo”, disse, citado pela agência Lusa, o antigo comissário europeu, à margem da sua audição como testemunha no julgamento do caso EDP, no Campus da Justiça.
António Vitorino recusou fazer mais comentários sobre a crise política do país ou mesmo acerca da disputa interna pela liderança do Partido Socialista entre os candidatos, já confirmados, Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro.
Recorde-se que António Costa assumiu publicamente que preferia que não tivessem sido convocadas eleições e que fosse substituído no cargo, tendo sido apontados quatro figuras do PS, António Vitorino, Augusto Santos Silva, Carlos César e Mário Centeno, o único nome confirmado até agora, pelo primeiro-ministro e pelo próprio.
Confirmação essa que gerou polémica, não só pelo facto de Mário Centeno ser atualmente o governador do Banco de Portugal, mas também pelo facto de o antigo ministro das Finanças ter dito que o convite lhe tinha sido feito também por, ou em nome de, Marcelo Rebelo de Sousa, que negou imediatamente.
Ao desmentido, seguiu-se um comunicado de Mário Centeno que veio esclarecer que o convite não tinha sido feito pelo Presidente da República.
Sublinhe-se que a demissão do primeiro-ministro, que ficará em funções até a tomada de posse do novo Governo, ocorreu na sequência de ter sido tornado público de que António Costa é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal de Justiça, sobre suspeitas de tráfico de influências, no âmbito da Operação Influencer.
A investigação, que se tornou pública na terça-feira passada, envolveu mais de 4o buscas, incluindo à residência oficial do primeiro-ministro, e levou à detenção de Vítor Escária, agora ex-chefe de gabinete de António Costa; Diogo Lacerda Machado, amigo do chefe de Governo; Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines; e Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, administradores da empresa Start Campus.
Os cinco, após quase uma semana detidos, saíram em liberdade, na segunda-feira, por decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal, que aplicou uma caução de 150 mil euros a Diogo Lacerda Machado, que ficou proibido de sair do país, assim como Vítor Escária. o autarca e os dois administradores ficaram somente com termo de identidade e residência.