Pedro Nuno soma e segue, mas Carneiro consegue apoios de peso

Entre os socialistas já só se fala no futuro. A luta pela sucessão de António Costa tenta ficar longe dos estilhaços do processo Influencer. Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro contam espingardas e colecionam apoios.

A máquina socialista não perdeu tempo. Rei morto, rei posto, ouviu esta semana o Nascer do SOL a um socialista empenhado numa das candidaturas que já trabalham a todo vapor para escolher o sucessor de António Costa.

Este é o momento da contagem de espingardas, e se do lado de Pedro Nuno Santos o exército de notáveis e dirigentes de federações se fez mostrar no dia da apresentação na sede do Largo do Rato, deixando a impressão de que uma grande maioria do partido estava ao lado do ex-ministro das Infraestruturas, do lado de José Luís Carneiro, os nomes dos apoiantes estão a cair a conta gotas. Mas à medida que os dias passam, começam a surgir apoios de peso como de Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da Republica, Fernando Medina, ministro das Finanças ou Vieira da Silva, ex-ministro da Segurança Social e pai de Mariana da Silva, que até à hora do fecho deste jornal ainda não se tinha manifestado no apoio a nenhuma das candidaturas.

Ministros do Governo hesitam em tomar posição

Além de Fernando Medina, eterno rival de Pedro Nuno Santos – ao longo destes anos sempre apontado como seu possível contendor numa corrida à liderança – que já tornou público o seu apoio a José Luís Carneiro, apenas Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, assumiu o seu apoio a Pedro Nuno Santos, tendo mesmo estado presente no lançamento da candidatura.

Tirando estes dois casos, mais nenhum ministro em funções anunciou até ao momento a sua preferência na corrida à sucessão de António Costa. Ao que sabemos não houve nenhuma indicação do primeiro-ministro, e ainda secretário-geral, para que tal acontecesse, mas o que é facto é que os seus ministros têm evitado tomar posição.

Certo é que Duarte Cordeiro, um companheiro de sempre de Pedro Nuno Santos, já anunciou que se vai manter ausente da campanha por causa da Operação Influencer. Apesar de, até ao momento, não haver notícia de que possa vir a ser constituído arguido, o processos também o menciona nas escutas, a propósito do caso do Data Center de Sines.

Ana Catarina Mendes, Manuel Pizarro, Mariana Vieira da Silva e Ana Mendes Godinho, mantêm-se em silêncio, sem dar sinal de apoios.

Sabendo-se que esta sucessão precipitada traz no calendário, não só eleições legislativas, mas também europeias e autárquicas, num curto espaço de tempo, é possível que essas contas estejam já a ser feitas nos gabinetes, e que os apoios surjam à medida que houver compromissos das candidaturas, em particular de Pedro Nuno Santos – o mais provável vencedor –, quanto aos nomes que poderão ocupar os lugares de destaque nos próximos atos eleitorais.

José Luís Carneiro mostra os seus trunfos

Visivelmente menos preparado para uma corrida à sucessão que surgiu de forma imprevista, José Luís Carneiro e os seus apoiantes têm estado nos últimos dias a olear a máquina e a recolher apoios.

A entrada em cena de nomes como Fernando Medina, Santos Silva ou Viera da Silva, é considerada como muito valiosa, numa luta que começa com grandes desequilíbrios.

O Nascer do SOL sabe que Fernando Medina vai integrar a equipa que vai preparar a moção de estratégia de José Luís Carneiro e que Vieira da Silva vai presidir ao Conselho Estratégico.

Desconhecido é, para já, o nome do diretor de campanha e é possível que venham a ser dois, alguém da estrutura do PS, e alguém da Juventude Socialista. Com ou sem diretor, uma coisa é certa, a campanha começa de forma mais intensa já este fim de semana

A hipótese de José Luís Carneiro vir a abandonar o Governo está completamente afastada, garante-nos uma fonte da candidatura do ainda ministro da Administração Interna, reforçando a ideia de que neste momento isso não faria qualquer sentido. “Dadas as circunstâncias, é possível separar as águas” e haverá tempo para as duas coisas.

Da estrutura de campanha de José Luís Carneiro, fará parte também uma Comissão de Honra que deve incluir nomes, não só de socialistas, como também de independentes.