Carlos Guimarães Pinto, fundador e ex-presidente da Iniciativa Liberal (IL), ainda não está dado como certo nas listas de candidatos do partido para as eleições legislativas de 10 de março do próximo ano.
Questionado pelo Nascer do SOL, o deputado da IL respondeu: “Não falo sobre assuntos internos”. Apesar de não ser um assunto interno e ser uma questão de decisão pessoal, Guimarães Pinto optou por dar aquela resposta.
Cabeça de lista da IL pelo círculo do Porto nas legislativas passadas, tem evitado pronunciar-se ou dar sinais sobre o mal-estar que se tornou evidente no partido, em particular desde que Rui Rocha assumiu a liderança. Ao nosso jornal, fontes próximas do deputado garantem que Guimarães Pinto não está confortável com a atual direção do partido e estará mesmo a ponderar não integrar as listas de deputados às eleições de 10 de março.
Caso o deputado venha a ficar de fora isso será encarado como uma machadada fatal para a direção e para o partido, que aposta forte nos resultados das próximas eleições, de tal forma que já recusou liminarmente a hipótese de integrar uma coligação pré-eleitoral com o PSD.
As coisas não estão fáceis para a direção dos liberais, que esta semana se confrontou com uma carta aberta de 25 militantes que anunciaram o abandono do partido.
Na missiva, com o título “Não foi isto que nos prometeram”, os signatários lamentam o rumo que o partido está a tomar, queixando-se de falta de democracia interna, falta de transparência e de a IL estar a repetir “práticas instaladas em partidos tradicionais”. Os agora ex-militantes, na sua maioria fundadores do partido, queixam-se também do desnorte estratégico em que a IL se encontra. Acusam a direção de se mover, tal como os partidos tradicionais, apenas por cálculos eleitoralistas, apontam o dedo à quebra do acordo que a IL tem nos Açores e que acabará por inviabilizar o Governo Regional e, finalmente, alguns deles também criticam a opção do partido ir sozinho a eleições.
“Assim, é com profunda desilusão que os membros da IL, aqui signatários, deixaram de acreditar neste partido político, lamentando que um projeto que podia, de facto, mudar Portugal, se tenha tornado numa caricatura do que em 2019 se propôs.”. Com este lamento final, os 25 membros do partido despedem-se frisando que abandonam o partido “neste período de comemoração do 25 de novembro, dia em que a Democracia Liberal venceu a Ditadura”.