Costa volta a apostar num lugar europeu

O primeiro-ministro acredita que não está derrubado em Bruxelas e aposta tudo numa nomeação.

A máquina diplomática portuguesa em Bruxelas começou a trabalhar a sério, no verão de 2022, para a nomeação de António Costa para um cargo no próximo ciclo Europeu.

Fontes diplomáticas e políticas, garantem ao Nascer do SOL que as movimentações que se iniciaram nessa altura só tiveram um interregno depois dos acontecimentos de 7 de novembro. No dia em que o primeiro-ministro português se demitiu por causa de um caso judicial, a notícia caiu que nem uma bomba na Europa e “o efeito dinheiro no gabinete do primeiro-ministro foi péssimo”, garantem-nos as nossas fontes. “O caso foi imediatamente comparado ao escândalo Qatargate onde também foi encontrado dinheiro em gabinetes do Parlamento Europeu”.

Mas agora, segundo uma fonte de Bruxelas, a situação atenuou-se, pelo menos nalguns meios políticos. O erro na transcrição no despacho de indiciação do processo Influencer, em que o nome de António Costa é confundido com o nome do ministro da Economia António Costa e Silva, permitiu ao primeiro-ministro português e aos seus defensores, “lançar a ideia de que afinal tinha sido um erro e todo o processo não passou de uma confusão dos Costas”, a partir daí “a máquina começou a funcionar, dizendo que tudo não passava de um erro”. A versão do engano não convenceu toda a gente, mas está a permitir que a hipótese Costa como presidente do Conselho Europeu, tenha recomeçado a fazer o seu caminho.

Fontes conhecedoras do processo, ouvidas pelo Nascer do SOL nos últimos dias, garantem que Costa recomeçou a trabalhar a sério na hipótese e que o primeiro ministro português tem na cabeça uma estratégia para o conseguir. Ao que o nosso jornal apurou, os principais obstáculos à escolha de Costa são dois: os socialistas europeus sentem a necessidade de nomear uma mulher para um lugar de destaque (o PPE tem uma como presidente da Comissão e outra à frente do Parlamento Europeu); e o leste da Europa não tem nenhum representante à frente das instituições europeias. Sabendo que estes dois fatores podem ser um obstáculo, a estratégia de António Costa é apresentar uma proposta em pacote, com nomes para os lugares de destaque que estão por preencher, contemplando uma mulher (Sana Marin ex-primeira-ministra finlandesa é a melhor hipótese) e alguém que represente o leste. Nesta proposta o primeiro-ministro português deixa em aberto a possibilidade de ser ele a ocupar o lugar de presidente do conselho.