Os ‘zangados’ e o regresso ao mundo normal

Estes ‘zangados’ estão ancorados no senso comum, o mais precioso ativo da estrutura racional do Homem.

Segundo a CNN, «o Parlamento Europeu vai votar uma proposta que defende a proibição de reparar carros antigos»

Ou seja, mais um golpe na classe média em desaparecimento no Ocidente mas, acima de tudo, um ataque frontal – mais um – à nossa liberdade.

Vale a pena transcrever o comentário que alguém deixou na página da CNN onde esta notícia foi publicada:

«Proibir reparação de carros antigos é um ataque à nossa liberdade de escolha! Eu prefiro carros antigos aos novos e ninguém me vai proibir de ter o carro que eu bem quiser! E que tal proibirem a reparação de móveis antigos? E, já agora, proíbam também a reparação de doenças nas pessoas mais velhas! A sociedade civil tem é de perceber, de uma vez por todas, que nós é que temos de proibir esta classe política de continuar a governar e a decidir contra as pessoas. Vão proibir a P…».

Sim, está zangado. Zangado e cheio de razão.

Porque este, tal como muitos outros por esse mundo fora vê esfumar-se, todos os dias, a sua liberdade de escolha, a sua Independência financeira e a sua capacidade para progredir na vida.

Partidos ‘de zangados’, o Chega e os seus congéneres a nível europeu e mundial? Sim, há dezenas e dezenas de milhões de zangados por esse mundo fora, cada dia que passa são mais, porque consideram intolerável que uns senhoritos que se acham a nata do mundo decidam, a partir de Washington, de Brasília, de Bruxelas ou de Lisboa, tudo o que lhes dá na real gana decidir, seja por conta própria, seja por conta de outrem.

A classe média está a desaparecer e a lançar no mercado político, todos os dias, dezenas de milhares de ‘zangados’. Que se somam àqueles que esperam por um elevador social que já há anos foi sabotado por quem pretende criar um mundo de proletários isolados, sem família, sem instituições intermédias sólidas, mergulhados em si próprios e obedientes a quem tem o chicote na mão.

Mas uns e outros resistem. Resistem os que desceram da classe média ao novo proletariado, e resistem os que não conseguem subir a uma classe média que quase não existe. De todos os instintos, o de sobrevivência é o mais enraizado no coração do Homem. E o instinto de sobrevivência inclui em si a esperança numa vida melhor.

Estes ‘zangados’ estão ancorados no senso comum, o mais precioso ativo da estrutura racional do Homem. E estão, estes ‘zangados’ a iniciar uma revolução silenciosa e institucional, passe a aparente contradição nos termos, a revolução de um regresso à normalidade, a um mundo onde a biologia recupere os seus direitos e onde a História não seja reinventada todos os dias. Entre muitas outras coisas normais.

É nos ‘zangados’, nos ‘deploráveis’ nos ‘blue collar’ que reside a esperança de regresso a um mundo normal, onde é o passar do tempo que filtra aquilo que serve e que não serve, e onde é no passado que residem as raízes do futuro. Este mundo baixamente extravagante que a ideologia woke nos pretende meter pela boca abaixo e que se estende da academia de Berkeley até aos burocratas da ONU, passando pelos deputados do PPE e do S&D amesendados em Bruxelas, será derrotado por estes ‘zangados’ que não desistem de viver uma vida que valha a pena ser vivida. Um mundo onde uma família é uma Família, um homem é um homem e uma mulher é uma mulher. E onde ser livre não seja uma extravagância reservada a uma pequena elite de intocáveis. l

Deputado do Chega