É considerado por muitos um dos partidos mais “extremistas” e “utópicos” do país. Para outros, seria a única alternativa para mudar o rumo de Portugal.
Segundo o seu site oficial, o Bloco de Esquerda (BE) inspira-se “nas contribuições convergentes de cidadãs e cidadãos, forças e movimentos que ao longo dos anos se comprometeram e comprometem com a defesa intransigente da liberdade e com a busca de alternativas ao capitalismo”. “Pronuncia-se por um mundo ecologicamente sustentável e mais respeitador de todos os animais. Combate todas as fontes de desigualdades sociais, baseadas em formas de exploração e exclusão de caráter étnico-racial, de género, de orientação sexual, de identidade de género, expressão género e características sexuais, de idade, de religião, de opinião, de classe social ou baseadas na existência de diversidade funcional, não sendo complacente com comportamentos que vão contra estes princípios”, continua, acrescentando que “como força política internacionalista, assume a defesa dos Direitos Humanos em todo o mundo, sem exceções”.
Plágio no slogan?
O vermelho é a sua cor característica e, nestas eleições, as frases escolhidas foram: “Não lhes dês descanso” e “Para fazer o que nunca foi feito”. Este último slogan tem estado no centro de uma polémica depois do músico Pedro Abrunhosa ter-se mostrado indignado com o BE, acusando o partido de se ter apropriado indevidamente de uma frase que considera sua. “Esta semana fui surpreendido com uma campanha do BE com o slogan ‘Fazer o que nunca foi feito’. Não será preciso ser um génio para associar de imediato o dito à minha canção Fazer O Que Ainda Não Feito”, escreveu o cantor nas redes sociais, defendendo que se trata de uma “chico-espertice, de alguém muito pouco criativo”. No texto que acompanha a publicação, em cinco pontos, Pedro Abrunhosa garante que não irá votar no Bloco de Esquerda, nem apoia a sua campanha, e que, mesmo que o partido tivesse pedido autorização prévia, “esta teria sido, ainda assim, prontamente recusada”. “Qualquer partido com aspirações governativas tem que assegurar uma honestidade intelectual blindada, nomeadamente face à capacidade criativa dos cidadãos e ao Direito Autoral conforme consagrado na Lei”, sublinhou. Por isso, decidiu solicitar à Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) que notifique o BE para a “imediata retirada” da frase de qualquer apoio político ou publicitário.
Redes Sociais
Tal como o Chega, o Bloco de Esquerda também é conhecido pelas suas publicações provocatórias nas redes sociais. O partido também utiliza o sentido de humor na sua partilha de conteúdos. Por exemplo, recentemente, no seu Instagram, a propósito do lançamento do seu plano eleitoral, o BE publicou um vídeo com algumas das suas propostas numa montagem com alguns gatos conhecidos da internet a reagirem. Nesta rede social, o partido também tem publicado alguns “azulejos do dia”. Nalguns deles lemos: “A Mariana percebe de economia, o Rui percebe de economato”, referindo-se a Rui Rocha; “Acalme-se”; depois do debate com André Ventura; “Posso interrompê-la? Não, não pode”; depois do debate com Luís Montenegro. Numa outra série de azulejos, ainda no seguimento do debate entre o BE e PSD, lemos: “Posso aumentar-lhe a renda? Não, não pode”; “Posso dar mais borlas fiscais à banca? Não, não pode”; “Posso despejar mais idosos para fazer hotéis de luxo? Não, não pode”; “Posso dar o dinheiro do SNS aos privados? Não, não pode”. Na altura do natal, o BE publicou também uma série de frases que poderiam ser utilizadas para responder ao “tio facho” e ao “primo liberal”.
No Facebook, partilha sobretudo conteúdos mais sérios. Ora sobre os debates, ora sobre as medidas que defende e as manifestações que apoia. No entanto, as partilhas do Instagram são republicadas também nesta rede social. Na semana passada, numa partilha onde lembrava o debate entre Mariana Mortágua e Rui Rocha, o BE revelou alguns “clichês da direita” numa espécie de calendário. “Quais dos clichês de direita o líder da IL vai sacar quando estiver a ficar sem resposta?”: “Ideologia de género”, “Saúde Pública é preconceito ideológico”; “Marxismo cultural”; “Ah e tal o Martim Moniz”; “Aquela condescendência bacoca”; “Papão do comunismo”; “Insultar a tia de alguém”; “PREC”; “Falar de casas de banho”; “Sovietização da economia”; “Esquerdista de iphone”; “Xenofobia? Quem diz é quem é”, “Cuba”; “Vivemos no socialismo (snif snif)”; “Venezuela” e “Interrupção machista”.
Os conteúdos do Tik Tok aproximam-se muito de tudo aquilo que é publicado nas outras redes sociais. Aqui, o BE partilha sobretudo excertos de intervenções da sua líder partidária. Contudo, recentemente, partilhou um vídeo cómico e irónico sobre um protesto de milionários contra as propostas do BE. Uma das coisas que distingue o partido neste momento é o seu podcast do Youtube, Contra Regra, outrora comandado por Catarina Martins, mas que agora tem Mariana Mortágua como sua protagonista.
No X (antigo Twitter), o partido também é provocatório. “O que dura mais, as propostas da IL ou uma alface fora do frigorífico?”; “Portugal é dos países mais desiguais da OCDE, a direita quer aprofundar o fosso”; “O Bloco faz 25 anos e continua sem dar descanso aos Donos Disto Tudo e a lutar por soluções para a vida do povo”, lê-se em algumas das suas últimas publicações.