O ex-primeiro-ministro afirmou esta terça-feira que as eleições legislativas se realizaram em circunstâncias “estranhas” cuja consequência foi uma falta de tração dos partidos centrais. António Costa considerou que o resultado do Chega é um fenómeno passageiro.
Interrogado sobre o crescimento de forças extremistas em Portugal e na União Europeia, o ex-líder do executivo provocou risos na plateia ao agradecer a sua “aula prática” como ex-primeiro-ministro.
“Acho que não devemos sobrevalorizar a interpretação das últimas eleições, já que ocorreram em circunstâncias particularmente estranhas”, afirmou sobre a forma como a anterior legislatura foi interrompida na sequência de um processo judicial, a “Operação Influencer”.
“Continua a ser fundamental para a vitalidade da democracia que a polarização seja possível corporizar através dos dois grandes partidos do centro esquerda e do centro direita”, argumentou António Costa.
De acordo com o ex-líder do Executivo, o que que permitiu um maior crescimento “do partido populista de direita”, o Chega, “foi sobretudo o facto de os cidadãos não terem sentido nem no PS, nem no PSD tração suficiente para a concentração necessária do voto”.
António Costa lembrou a “concentração para que pudessem ter votações acima dos 30%, como sempre tiveram quando ganharam”. No entanto, salientou, “não vale a pena exagerar na interpretação dos resultados” das últimas eleições legislativas e “é preciso dar tempo para que as coisas retomem a normalidade”.
A posição foi transmitida por António Costa na sua primeira intervenção no Fórum La Toja, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. No painel, moderado pela jornalista Teresa de Sousa, participaram ainda os antigos primeiros-ministros de Espanha Felipe Gonzalez e Mariano Rajoy, e de Portugal, Francisco Pinto Balsemão.