O Presidente da República confirmou que cortou relações com o filho Nuno Rebelo de Sousa, na sequência da polémica com o caso das gémeas luso—brasileiras.
“Isso é imperdoável, porque ele sabe que eu tenho um cargo público e político e pago por isso”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, num jantar com jornalistas estrangeiros que vivem em Portugal, na terça-feira à noite, e na qual o Diário de Notícias participou.
Terá sido o próprio chefe de Estado a puxar o tema e admitiu que as relações entre os dois já tinham vários problemas e que o afastamento já existia antes do caso vir público, conta ainda o Diário de Notícias.
Antes do final do ano passado, na época das festas, já estariam de relações cortadas, mas, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, não houve problema. “Foi um Natal bastante tranquilo e agradável”, garantiu.
O corte de relações “custa”, confessou o Presidente da República que, no entanto, considera que há “piores coisas na vida”. Sobre uma eventual imputação de responsabilidade judicial a Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo garante que a decisão não lhe interessa. Já em relação aos netos, o que se pode interpretar das palavras do chefe de Estado, é que esse distanciamento pesa mais.
“Ele tem 51 anos, se fosse o meu neto mais velho e preferido, com 20 anos, eu iria sentir-me corresponsável. Mas, com 51 anos, é maior e vacinado”, disse. “Se fosse com um dos meus netos preferidos, com 20, 21 anos, sentir-me-ia mais responsável e sofreria mais”, acrescentou.
Marcelo sublinhou ainda que a situação o afetou mais pessoalmente do que politicamente. “As gémeas foram um fenómeno adicional, mas não me desgastou politicamente, desgastou-me pessoalmente”, afirmou.
Recorde-se que em causa está o alegado envolvimento do Presidente da República no acesso ao tratamento médico de duas crianças brasileiras, que foram naturalizadas portuguesas. O medicamento que receberam através do SNS teve um custo de quatro milhões de euros para o SNS.
O jantar com os jornalistas estrangeiros a residir em Portugal, onde foram feitas as declarações, foi um convite do próprio Presidente da República, para assinalar os 50 anos do 25 de Abril.