Ana Jorge diz que foi apanhada de surpresa com exoneração

Ex-ministra diz que o comunicado do Governo é “rude”, “sobranceiro” e calunioso”.

Ana Jorge foi exonerada pelo Governo do cargo de provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, nas vésperas de concluir um ano em funções.

A ex-ministra numa carta de despedida aos colaboradores, a que o Nascer do SOL teve acesso, diz que foi apanhada de surpresa e deixa duras críticas ao Executivo e à forma como a equipa de gestão da Santa Casa foi exonerada.

“Recebi – confesso que com surpresa – a minha exoneração do cargo de Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, função que assumi há menos de um ano. Antes de mais, foi uma honra, claro, servir esta casa”, começa por dizer na carta Ana Jorge.

“Mas foram 11 meses muito duros, em que, claramente, avançámos rumo à sustentabilidade financeira, à motivação dos colaboradores e mais importante, no compromisso social que assumimos com milhares de pessoas. É por isso – pelo tanto trabalho, desenvolvido em tão pouco tempo e pelo plano de reestruturação sólido que desenhámos e que queríamos implementar – que hoje não me sinto tão triste. Por isto, só por isto”, continua.

Já sobre o anúncio do Governo sobre a sua saída da instituição, em dificuldades financeiras, Ana Jorge manifesta desilusão.

“Porém, o comunicado emitido pelo Ministério do Trabalho é, pela forma rude, sobranceira e caluniosa com que justifica a minha exoneração, motivo para me sentir desiludida”, admite e acrescenta: “Sempre achei e hoje mais do que nunca, que em política, tal como na vida, não vale tudo. Mas, enfim, a seu tempo e em sede própria, contarei a minha verdade, que é a verdade de quem serviu a SCML com a mesma entrega e espírito de missão com que desempenhei as várias funções públicas e cívicas ao longo da minha vida”.

Por último, Ana Jorge deixa uma palavra aos colaboradores, sublinhando que não houve tempo para fazer “o que estava planeado”, ao mesmo tempo que apela: “Por favor, não desistam da SCML, que necessita de cada um de Vós para cumprir a sua ação junto dos mais vulneráveis”.

Recorde-se que o Governo acusa a provedora exonerada, assim como os membros da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa de “atuações gravemente negligentes”, que afetaram a gestão da instituição.

A tutela denuncia ainda a “ausência de resposta [a] todos os pedidos de informação até agora solicitados”.