As incongruências de desejarmos jovens velhos

Convido-vos a aumentarem a curiosidade pelo Sebastião Bugalho, a Ana Miguel Pedro, o Vasco Becker-Weinberg, o José Monteiro Limão, a Lídia Pereira, entre outros.

Nas campanhas eleitorais, é comum ouvirmos a frase ‘são sempre os mesmos’, sugerindo uma repetição de rostos conhecidos e uma certa estagnação na representação política. No entanto, quando um partido ousa trazer para o cenário político quadros jovens e menos conhecidos, são muitas vezes rotulados de ‘imberbes’ e ‘miúdos’, como se fossem automaticamente irresponsáveis e impreparados. Esta reação revela um viés enraizado na nossa sociedade, que associa automaticamente juventude à inexperiência e falta de capacidade.

É frequente, mesmo sem querer, termos essa reação imediata de surpresa ao ver alguém jovem a candidatar-se num lugar com tanto mediatismo e importância. A lista da AD é precisamente um exemplo de audácia nas eleições europeias. O que costumava ser uma candidatura de ‘reforma’ de velhos catedráticos, com um vasto currículo e experiência nacional, agora inclui uma geração cheia de entusiasmo, pronta a desafiar os paradigmas estabelecidos.

Estes jovens têm uma dupla característica: não são tão novos quanto isso, tendo currículos exemplares, mas também têm a experiência de já nascerem ‘europeus’ dentro da UE. Valorizam e beneficiam da integração europeia desde sempre, que promoveu avanços significativos na educação, na investigação e na competitividade dos serviços. Esta geração compreende plenamente os benefícios das relações europeias e globais, bem como as preocupações e dificuldades associadas a elas. São capazes não só de reconhecer os desafios do presente, mas também de vislumbrar e trabalhar para um futuro mais inclusivo, seguro e sustentável.

Nascidos no seio de uma União Europeia em constante evolução, estes jovens carregam consigo não apenas o legado da sua Nação, mas também a herança de uma Europa de povos cooperantes. Criados num continente que valoriza a diversidade, a cooperação e a solidariedade, estes jovens têm a oportunidade única de enriquecer o próximo mandato no Parlamento Europeu. Abraçando esta identidade europeia, mas sem nunca esquecer as suas raízes portuguesas, fixas numa história de bravura e resiliência. Orgulhosos da sua herança e determinados a contribuir para o futuro da Europa, estes jovens vão liderar o caminho numa União Europeia preocupada e próxima das novas gerações, onde a voz de Portugal vai ser alta e clara.

Convido-vos a aumentarem a curiosidade pelo Sebastião Bugalho, a Ana Miguel Pedro, o Vasco Becker-Weinberg, o José Monteiro Limão, a Lídia Pereira, entre outros. São exemplos inspiradores de uma geração entre os 20 e os 30 anos que irão entrar no Parlamento Europeu com ideias inovadoras e uma sensação de urgência, aproveitando ao máximo o tempo que têm para fazer a diferença.

É hora de deixarmos de ser os eternos céticos, frequentemente insatisfeitos com tudo, e começarmos a confiar nas novas gerações.

Jurista e Membro da Comissão Executiva do CDS-PP