Um recente anúncio da Google ao seu novo ‘smartphone’ para o mercado americano apresenta-nos várias mulheres muçulmanas com hijab e túnica negra a jogarem basquete enquanto usam os seus telemóveis. Basta um telemóvel para se viver de modo ocidental.
Os negros e os hispânicos americanos estão a desaparecer dos anúncios destas grandes corporações, ao que parece, votam cada vez menos nos liberais progressistas.
Este anúncio permite-nos enquadrar o incompreensível nos ‘campus’ americanos dos cursos de papel e caneta, alunos e infiltrados defendem furiosamente a Palestina e atacam Israel. O tema do “‘campus’ pela Palestina” tem muito que se lhe diga, e mostra como os EUA são o embrião de um esquerdismo dissolvente dos fundamentos concretos da democracia e de um liberalismo indiferente a tudo o que não seja economia. Esta nova esquerda é uma amálgama de ideias insanas e um colectivo do ódio contra o Ocidente. O esquerdismo das últimas décadas tem o seu berço nos EUA, desde as taras do género ao racismo sistémico e estrutural do branco, ao homem branco heterossexual como um violador inato. As universidades nos EUA foram a primeira estação no projecto da longa marcha através das instituições, seguiram-se depois os jornais, os média em geral, as empresas e o Estado.
O que vemos nos ‘campus’ promovido pela esquerda deste tempo não é uma crítica fundamentada à política israelita, mas sim um ataque irracional, militante e organizado a Israel e a defesa de uma fantasia ignorante e irreal.
Defender uma Palestina livre, sejamos lúcidos, o que seria? Um território de novo governado pelo Hamas e subsidiado por uma cada vez mais estranha ONU e pela União Europeia? Pensemos um pouco, actualmente quando se defende a Palestina está a defender-se unicamente a gente inocente e martirizada ou terrorismo islâmico? E se essa gente é inocente, e muitos serão, por que apoiam essa organização e esse modo de vida? Por que aceita uma parte do Ocidente esse regime? Por que subsidiou a ONU e outros países ocidentais durante anos territórios geridos por ideologias terroristas?
Estes jovens poderiam questionar as consequências das acções do Estado de Israel sobre populações civis, mas o que sobressai é o ódio a esse país e a mistificação absurda de uma Palestina edénica. Será que pensam no lugar da mulher e do homossexual nessa sociedade? Questionam-se porque não é democrático nem tolerante com a diversidade religiosa e política esse território governado por uma ideologia que já conhecemos bem?
Esses jovens ou são hipócritas, ou ignorantes, ou ambos. Como diz Luís Nobre: “podem manifestar-se contra Israel, é certo, mas estranhamente nunca protestaram contra o Hamas, os Aiatolas, os talibãs, ou contra o Senhor Putin. Uns manifestam-se em defesa da liberdade no seu país (a Geórgia, por estes dias), pois desejam viver melhor, outros com toda a liberdade e ricos, protestam contra o direito de um país se defender”.
A onda pró- Gaza que é pró-Hamas, porque não se pode falar do presente de Gaza sem esta relação, cresceu de um modo muito interessante e que é paradigmático para perceber o estado terminal do Ocidente.
Nos EUA podemos colher o melhor e o pior dos exemplos do presente, este esquerdismo que une liberais e socialistas é precisamente o pior, pelas sua força destrutiva e de ódio ao próprio ocidente, que é precisamente o único lugar onde se pode odiar sem ser eliminado, perseguido e destruído, por enquanto, porque esse radicalismo quer importar essas práticas.
Como podem jovens que aparentemente defendem a liberdade individual irrestrita em relação a tudo, e que se consideram democratas e preocupados com o fantasma do extremismo de direita, fazerem a apologia do islamismo radical? Quanto tempo sobreviveria nesta Palestina ou no Irão, o trans, a feminista, o ‘gay’, o esquerdista do ‘campus’?
Estes episódios são perturbadores, e um particularmente se destaca, o modo como o islamismo radical que é um fenómeno moderno como o comunismo, o nazismo e o liberalismo, algo que nos é explicado por John Gray, percebeu na perfeição as fragilidades de um ocidente em acelerada decomposição. Os vitimismos, o ódio aos nossos valores, cultura e história, o vazio ético e a apologia do egotismo patológico e a nossa atomização tornam-nos presas fáceis da manipulação. Facilmente a Rússia de Putin e o Irão manipulam esta gente.
O Ocidente tem conduzido, pelos seus principais responsáveis políticos e figuras das elites económico-financeiras e culturais, um trabalho metódico de destruição das nossas verdadeiras referências civilizacionais, predominando uma ditadura económica, o liberalismo económico, e o progressismo como simulacro do progresso. O wokismo é último avatar do progressismo e tem como principal tara o ódio ao ocidente e muitas universidades americanas são as madraças deste movimento. Os wokistas são facilmente manipulados, porque se regem apenas pelo emotivismo, o ódio e o niilismo. Vários jornais americanos, como o New York Times e não só, referem que George Soros, a Rockfeller Brothers Fund e Nick Pritzer são apoiantes de algumas organizações das mais activas nas diabolizações de Israel e angelização do Hamas e da Palestina.
Soros é um dos mais destacados representantes do capitalismo de casino predatório e amoral, e foi o homem que quase liquidou o banco de Inglaterra e a libra esterlina. Soros fez a sua fortuna colossal com esse capitalismo principalmente especulativo, ora, para não ser incomodado no seu modelo de negócio, investe avultadas somas no liberal progressismo, tal como uma parte significativa das grandes corporações económico-financeira mundiais, silenciando a crítica à predação do seu tipo de negócio. Organização que recebem muito dinheiro desses doadores são, por exemplo, a Jewish Voice For Peace (organização anti-Israel) e a Students for Justice in Palestine (SJP) que chegaram até a culpar Israel pelo ataque terrorista do Hamas em 7 de Outubro e acusam também Israel e os EUA de serem os únicos responsáveis por toda a violência na zona. O SJP classificou mesmo o ataque terrorista a Israel como “uma vitória histórica”. São estes grupos que constituem uma parte dos heróicos estudantes contra a opressão.
Se o móbil da acção dos extremistas de esquerda suportados pelos média do sistema são as preocupação com as grandes injustiças, crimes e desigualdades no planeta, qual é o critério da escolha? O número de mortos? A duração dos conflitos? A morte de crianças? O grau de fragilidade de uma das partes?
Podemos fornecer uma lista de situações tão ou mais dramáticas, mas que não têm o apoio dos radicais de esquerda nem dos seus média, por quê?
O Sudão (com milhares de mortos nos últimos anos), a brutal invasão da Ucrânia (com um número real de mortos desconhecido), Moçambique e os sucessivos ataques a cristãos, que levou à fuga de perto de 800 mil pessoas das suas casas, a Nigéria e os milhares de mortos, raptos e violações efectuados pelo Boko Haram, o Paquistão que expulsou perto de dois milhões de refugiados, os ataques às mulheres no Irão, o papel da mulher e do homossexual nos países onde realizamos grandes competições desportivas e fazemos grandes negócios, a guerra civil no Iémen, só em 2020 morreram 131 mil pessoa, a guerra que dura há mais de uma década no Mali, a Etiópia e o conflito no Trigray, a guerra civil com décadas na Somália, a guerra da Síria que em 13 anos já implicou a morte de 600 mil pessoas. Compare-se a imprensa destes conflitos e a dos estudantes pela Palestina.
Estes jovens são os mesmos que tem destruído estátuas e símbolos maiores da cultura dos seus países no ocidente e quem têm praticado a cultura do cancelamento, o ataque às liberdades mais básicas de expressão, a destruição de carácter de pessoas que não pensam como eles e são responsáveis por perseguições e processos ideológicos que levam pessoas a perder o emprego e a serem acusadas e julgadas no praça pública sem direito a defesa.
Os ‘campus’ americanos dos cursos de papel e caneta pedem meças à guarda maoista da revolução cultural e aos primórdios do KGB.
Quem, na verdade, controla, usa e manipula esta gente?