Ganha-se e perde-se por um voto e PS vence as Europeias

Chega perde gás, enquanto Iniciativa Liberal ganha terreno. Bloco e CDU mantiveram presença à tangente. Livre e PAN de fora.

O Partido Socialista venceu as eleições europeias ao conquistar quase 1,3 milhões de votos, conseguindo eleger oito deputados e superando os números de 2019. Um resultado que levou o secretário-geral socialista a afirmar que o “PS é hoje a primeira força política em Portugal”, acenando que foi possível conquistar mais votos e mandatos.  

Pedro Nuno Santos lembrou ainda que foi possível recuperar a liderança em três distritos: Faro, Guarda e Porto. Também Marta Temido disse que o resultado alcançado mostra que os “portugueses voltaram a mostrar que confiam no PS” e que “os portugueses acreditam que a Europa pode dar respostas concretas aos problemas do dia-a-dia”

Já em relação ao futuro promete “dialogar com todos” com vista a uma “Europa mais forte”. E não hesita: “Assistimos também à redução da extrema-direita em Portugal, apesar do seu crescimento em termos europeus.”

Montenegro reconhece derrota

Com mais de 1,2 milhões de votos e com sete deputados eleitos, Luís Montenegro reconheceu a derrota ao afirmar que o resultado não foi cumprido. Ainda assim, o líder da AD não hesitou: “Dá muito, mesmo muito alento para cumprir caminhada”, recusando a ideia que o Governo esteve em campanha eleitoral nas últimas semanas, afirmado que esteve “a cumprir os seus compromissos”.

E acrescentou: “Podem contar com um Governo e uma AD a cumprir os seus compromissos todas as semanas. aqueles que invocam e acenam com esse argumento são os mesmos que, 30 dias depois de tomarmos posse, diziam que éramos um Governo de inação”.

Já Sebastião Bugalho prefere falar numa derrota que “foi mesmo por poucochinho”, lembrando que “em democracia ganha-se e perde-se por um voto”, referindo que “é com humildade democrática que reconhecemos que nos faltaram estes 0,9% para ficarmos à frente de Marta Temido”.

Chega perde força mas continua a ser terceira força política

Apesar das dúvidas que surgiram no final da noite, o Chega manteve-se como terceira força política, conquistando mais de 386 mil votos e elegendo dois deputados, entrando assim pela primeira vez no Parlamento Europeu.

Um resultado que não agradou ao candidato Tânger Corrêa que assumiu que “não foi um dia” para o Chega e que levou também o líder do partido a acenar com a posição que manteve. “O Chega passa de zero para dois eurodeputados”, realçando que não é possível ignorar a realidade.  “A noite trouxe-nos uma realidade que não podemos ignorar: nem liberais nem extrema-esquerda, continuamos a ser a terceira força. O Chega não venceu, mas ninguém nos ultrapassou”.

IL destaca grande vitória

A Iniciativa Liberal que durante algumas horas da noite esteve taco a taco com o Chega acabou por ficar em quarto lugar, elegendo dois deputados e com 9,1% dos votos.

Cotrim de Figueiredo sublinho que “o liberalismo funciona e faz falta a Portugal” e que a Iniciativa Liberal “veio para ficar” e que “nunca vai dar tréguas nem a socialistas nem a populistas”.

E em relação aos resultados disse que a “Il mostra que é possível combater o voto estéril, de protesto, basta compreender as razões de queixa das pessoas”, e que é  a única força política capaz de ir buscar os votos dos descontentes e a única “capaz de combater os oportunistas que apelam ao medo”.

Bloco perde gás mas segura um deputado

Com mais de 167 mil votos, bem longe dos resultados alcançados nas últimas eleições europeias, Catarina Martins conseguiu manter a representatividade do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu.

A eleita garantiu ainda que não aceitará “nenhum recuo nas liberdades e nos direitos das mulheres”.  E acrescentou: “A nossa Europa é de iguais e para a igualdade”, afirmou, elencando as lutas pelo clima, pela habitação, pela saúde e pela educação “em Portugal e em toda a Europa”.

A nova eurodeputada do Bloco garantiu que vai procurar “as alianças mais vastas possíveis em toda a Europa” para fazer um caminho de resistência à extrema-direita e aproveitou para deixar uma saudação aos outros partidos da esquerda europeia, destacando que continuará a “dialogar” com eles.

Contra previsões, CDU conseguiu eleger um

A CDU perdeu um dos dois eurodeputados, ainda assim João Oliveira conseguiu ser eleito ao ter conquistado mais de 162 mil votos.

A voz do povo continuará a fazer-se ouvir no Parlamento Europeu”, afirmou o cabeça de lista da CDU, num curto discurso, em que reassumiu o “compromisso político” com o povo “para o que der e vier”.

Já o líder comunista, Paulo Raimundo chamou a atenção para as “circunstâncias adversas” da campanha, em que a comitiva lutou “contra ventos e marés”. Mas deixou uma garantia: “Nem outros tiveram resultados extraordinários, nem a CDU desapareceu”-

PAN e Livre de fora

O Livre foi um dos grandes derrotados da noite. Com mais de 148 mil votos não conseguiu eleger nenhum candidato, apesar das previsões iniciais terem apontado para a possibilidade de poder vir a eleger um. Um resultado que levou o porta-voz do Livre a considerar que se tratava de uma “noite triste”.

“É o tipo de resultado que, em qualquer cenário normal, nos permitiria estar aqui a fazer a festa. Infelizmente não estamos. É uma noite em que o Livre perde as eleições e eu quero assumir essa derrota”, disse Rui Tavares.

Outro dos derrotados da noite foi o PAN que não chegou a atingir os 47 mil votos- menos que o ADN que ultrapassou os 54 mil – o que levou Inês Sousa Real considera que os resultados desta eleição são um percalço no percurso do partido.

A líder do partido diz que não é uma derrota não ter eleito um único eurodeputado e lamenta que os partidos ambientalistas tenham perdido representatividade no Parlamento Europeu e que a grande batalha é “lidar com a extrema-direita”.