O Ministério Público (MP) abriu uma investigação a possíveis fugas de informação na Operação Influencer. A decisão, noticiada esta quarta-feira pelo Público, vem depois de a CNN Portugal ter divulgado resumos de escutas telefónicas entre o ex-primeiro-ministro António Costa e o ex-ministro das Infraestruturas João Galamba.
O jornal avança ainda que há uma percentagem significativa das escutas a Costa a serem usadas na Operação Influencer sem qualquer relevância criminal ou ligação aos factos que estão em investigação
Numa das escutas — entre elas uma que apanha Costa a ligar a Galamba para ordenar a demissão da presidente executiva da TAP, por motivos políticos, depois da polémica indemnização de 500 mil euros à ex-administradora Alexandra Reis. Foram também divulgadas fotografias que mostravam a forma como 75.800 euros em notas estavam escondidos no Palácio de São Bento onde trabalhava o então chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, um dos cinco detidos no âmbito deste processo.
Contactado pela agência Lusa sobre as escutas relativas à TAP intercetadas no âmbito do processo Operação Influencer, João Lima Cluny, advogado do antigo primeiro-ministro, disse apenas que “o processo em que António Costa foi ouvido está em segredo de justiça”
e que este “não foi confrontado com nenhum desses elementos ou factos”, não tendo mais comentários a fazer.
A agência Lusa contactou Inês Arruda, advogada da ex-CEO da TAP, que não quis comentar.
Na terça-feira, na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação e já depois da divulgação das escutas, o atual presidente executivo da TAP, Luís Rodrigues, disse que não conhece nem nunca falou com António Costa.
Entretanto, os subscritores do manifesto que pede uma reforma da Justiça e critica a atuação do MP, nomeadamente na Operação Influencer, que levou à queda do Governo de António Costa, pediram na terça-feira em comunicado “explicações do Ministério Público e da sua hierarquia, designadamente da procuradora-geral da República”, Lucília Gago.
Para os subscritores deste manifesto, a divulgação das escutas “é mais um momento, entre outros, de violação das regras básicas do Estado de Direito Democrático, com envolvimento e participação de responsáveis dos setores da justiça e da comunicação social, que deviam estar na primeira linha da sua defesa”, criticando não apenas a divulgação, mas a sua transcrição e o facto de ter sido considerado que têm “relevância criminal para um processo-crime em curso”.