Se se transpusessem os resultados das últimas eleições europeias para a realidade autárquica, Carlos Moedas voltaria a ganhar as eleições ao PS, mas por uma curtíssima margem, praticamente igual à que conseguiu obter quando conquistou a Câmara de Lisboa a Fernando Medina. Em 2021, o social-democrata surpreendeu tudo e todos, contrariando todas as sondagens e conseguindo vencer Lisboa por uma vantagem de 2294 votos. Nas últimas eleições europeias, a vantagem da AD para o PS na cidade de Lisboa foi de 2693 votos.
As leituras diretas destes resultados não podem ser feitas, até porque nestas eleições houve voto em mobilidade e há muita gente que votou fora do seu local habitual de voto. Em todo o caso, os resultados servem como barómetro e permitem perceber, se se analisar freguesia por freguesia, que a votação das europeias não foi muito diferente da obtida nas últimas autárquicas.
Outro dado importante a reter destes resultados é que a Iniciativa Liberal se fixou como terceira força mais votada na capital, só ficando em quarto lugar em 4 das 24 freguesias.
É também olhando para estes resultados que Carlos Moedas deverá, à semelhança do que já tinha tentado em 2021, voltar a propor uma coligação eleitoral aos liberais. Olhando para os resultados destas europeias, verifica-se que a IL consegue obter 33412 votos em Lisboa, que, somados aos votos da AD, dariam uma vantagem muito mais confortável em relação ao PS, 36105 votos.
A um ano das eleições autárquicas, estas são contas que o presidente da Câmara de Lisboa tem de fazer para aproveitar os meses que faltam de mandato para tentar alargar a margem em relação aos socialistas. Os dados não deixam o autarca descansado, até porque é muito provável que, à esquerda, o PS possa propor uma coligação a partidos que já foram seus parceiros em Lisboa: Livre, BE e PCP.
Mais uma vez, se usarmos como referência a votação nas europeias, uma coligação que unisse todos os partidos de esquerda conseguiria vantagem, mesmo que AD e Iniciativa Liberal concorressem juntos.
Tendo presente que as eleições não são uma ciência exata, e que os rostos, a obra feita e a campanha fazem a diferença.
Carlos Moedas tem na última ida às urnas dados importantes para assestar baterias e tentar conquistar os votos que lhe faltam com políticas mais direcionadas até ao fim do mandato.