Férias. Subsídio não é obrigatório em todos os países

Apesar de Portugal receber esta verba extra, Eugénio Rosa admite que os salários dos portugueses estão abaixo da média da União Europeia.

Nem todos os países têm como obrigatório o pagamento do subsídio de férias. Uma verba extra que pode ser considerada uma compensação tendo em conta os rendimentos dos portugueses. Ao i, o economista Eugénio Rosa lembra que este pagamento tem uma importância material grande já que possibilita ao trabalhador desfrutar as férias com família sem problemas financeiros em locais onde a recuperação é mais completa e rápida e, para muitos, com o agravamento das condições de vida, o reequilíbrio financeiro, já que o salário recebido em cada mês é cada vez ‘mais curto’ e insuficiente para suportar a totalidade das despesas mensais”.

Há um grupo de países em que o subsídio de férias está garantido do ponto de vista legal. A par de Portugal (22 dias úteis e subsídio equivalente ao salário mensal) também Espanha (30 dias, inclui sábados e domingos e subsídio equivalente a salário mensal), França (25 dias úteis e equivalente ao salário mensal), Itália (26 dias úteis e equivalente salário mensal), Grécia (entre 20 a 25 dias úteis, dependendo da antiguidade, e equivalente ao salário mensal), Áustria (25 dia úteis, ou 30 após 25 anos de serviço e subsídio equivalente ao salário mensal), Ucrânia (24 dias úteis e subsídio equivalente à média mensal dos últimos 12 salários) e Rússia (28 dias incluindo sábados e domingos e subsídio equivalente a 2/3 do salário mensal) beneficiam desta verba extra.

Por outro lado, como recorda o economista, há um outro grupo de países que contam com dias de férias garantidos por lei, mas o subsídio de férias está garantido por contratação coletiva. É o caso da Alemanha (20 dias de férias e subsidio entre 25% a 100% do salário mensal), da Holanda (20 dias úteis e subsidio equivalente a 8% do salário anual), da Bélgica (20 dias úteis de férias e subsídio equivalente a 92% do salário mensal ou 15,38% do salário anual), da Dinamarca (25 dias úteis e 12,5% do salário anual), da Suécia (25 dias úteis e 12% do salário anual) e da Finlândia (24 a 30 dias úteis e subsídio equivalente a 50% do salário mensal).

E há outro grupo de países que beneficiam de dias de férias garantido por lei, no entanto, sem direito ao respetivo subsídio. Inglaterra (28 dias incluindo sábados, domingos e feriados) é um desses casos, mas não só. Estados Unidos (10 dias de férias), China (5 dias úteis após 1 ano de emprego, 10 dias úteis após 10 anos, 15 dias úteis após 20 anos), Polónia (20 dias úteis até 10 anos de serviço, e 26 dias mais de 10 anos), Hungria (20 a 30 dias úteis, dependendo da idade), Estónia (28 dias corridos), Letónia (20 dias úteis) e Lituânia (20 dias úteis) são outros desses exemplos.

Eugénio Rosa diz, no entanto, que apesar de ser obrigatório o pagamento do subsídio de férias em Portugal, o custo hora de trabalho no nosso país “é muito inferior” à média da União Europeia e da Zona Euro, o que, no seu entender, “tem contribuído que a economia portuguesa seja de baixa intensidade tecnológica e de baixa produtividade”.

O economista recorre aos dados do Eurostat para lembrar que o custo hora de trabalho correspondia, em 2008, a 56,5% da média dos países da União Europeia e, em 2023, diminuiu para 53,5% da média europeia. E afirma que, em relação aos países da Zona Euro, “a situação é ainda mais dramática”, ao acrescentar, que, em 2008, o custo hora da mão-de-obra em Portugal correspondia apenas a 48,8% da média dos países da Zona Euro e, em 2023, baixou para 47,8%. “Dramaticamente para os trabalhadores portugueses, os salários em vez de convergirem para a média da União Europeia e da Zona Euro estão a divergir, o que é indicador do aumento da exploração do trabalho no nosso país”, refere ao nosso jornal.