As máquinas partidárias já aquecem os motores para o próximo desafio eleitoral. As autárquicas estão ao virar da esquina (outubro de 2025) e, especialmente para os partidos mais pequenos, são um desafio mais difícil, porque obrigam a uma implantação territorial que é um exclusivo apenas dos partidos fundadores da democracia.
Numa época em que os partidos medem forças e procuram leituras nos resultados das eleições, sejam elas quais forem, as eleições autárquicas do próximo ano revestem-se de uma importância capital para avaliar tendências.
Socialistas e sociais-democratas, os dois maiores partidos, já iniciaram trabalhos preliminares, procurando as melhores apostas para vencer as Câmaras de maior peso, com Lisboa e Porto à cabeça. Mas também os partidos mais pequenos já se movimentam. Para além das negociações em curso entre o PSD e a Iniciativa Liberal, de que demos conta na edição da semana passada, nos últimos dias deu que falar a proposta do Livre para reuniões com os partidos à esquerda com o objetivo de estabelecer coligações que possam garantir vitórias importantes. Conquistar a Câmara de Lisboa a Carlos Moedas é o principal desafio na cabeça de Rui Tavares. O problema é que o PS quer controlar o processo e, sobretudo, ditar os timings de possíveis negociações, por isso, já depois do desafio público de Rui Tavares, fez questão de devolver o Livre à sua posição de pequeno partido.
Socialistas preparam estudos para avaliar nomes
No Largo do Rato os encontros para discutir nomes para as diversas autarquias do país e, até, a definição dos municípios em que os socialistas consideram importante concorrer em coligação, já se fazem há algumas semanas.
Para já não há ainda decisões fechadas, apenas nomes em cima da mesa e, sobretudo, a criação de uma lista de nomes a testar para as várias autarquias.
Ao que o Nascer do SOL apurou, António Mendonça Mendes é a escolha preferida para Cascais, Câmara que o atual presidente, Carlos Carreiras, vai abandonar por ter atingido o limite de mandatos. O PSD ainda não tem um nome fechado para a sucessão, depois de ter caído a hipótese de Miguel Pinto Luz, que entretanto deixou a autarquia para exercer funções como ministro das Infraestruturas.
Já para Lisboa há dois nomes em cima da mesa para tentar roubar a Câmara a Carlos Moedas: Mariana Vieira da Silva e Alexandra Leitão. Ao que nos dizem, nada está fechado, mas estes deverão ser os dois nomes a ser testados pela máquina socialista. Como a conquista da capital é muito importante para a liderança de Pedro Nuno Santos, até porque «quem ganha Lisboa, ganha as eleições», é muito provável que os socialistas tentem fazer uma grande coligação à esquerda, que aumenta as hipóteses de uma vitória. Refira-se que, à semelhança do que já tinha acontecido antes das últimas autárquicas, também aqui Moedas quererá mais uma vez insistir com a Iniciativa Liberal para que se junte à coligação atual. As negociações estão a decorrer, resta saber se vão chegar a bom termo.
Sintra é outra das Câmaras em que os partidos vão apostar forte. Basílio Horta, atual presidente socialista do município também já atingiu o limite de mandatos e o PSD vê aqui uma oportunidade de reconquistar esta autarquia dos arredores de Lisboa que é uma das maiores (em população) do país. Na sede do PSD não há nomes fechados, mas Manuel Luís Goucha é um dos nomes fortes de quem se fala. Do lado dos socialistas, o nome mais apontado é o de Marcos Perestrelo, um histórico socialista, que já foi vereador em Lisboa e candidato à Câmara de Oeiras.
Quem vai suceder a Moreira
É um dos maiores desafios das próximas autárquicas. Rui Moreira é há três mandatos consecutivos o presidente da segunda Câmara do país. Independente, nunca teve ao longo dos últimos anos apoio dos socialistas, nem dos sociais-democratas. Agora, Rui Moreira não se recandidata, e não é claro se algum dos seus vereadores se vai candidatar encabeçando o movimento de cidadãos que Moreira lançou.
Seja como for, esta é a oportunidade de os dois maiores partidos tentarem lançar candidaturas fortes que possam ajudar a reconquistar o Porto. Do lado dos socialistas há dois nomes em cima da mesa: Manuel Pizarro e José Luís Carneiro. Ao que sabemos, os dois nomes irão a teste junto do eleitorado da cidade invicta e, se há uns meses havia poucas dúvidas de que Pizarro era o melhor posicionado, agora as coisas não parecem tão claras. José Luís Carneiro foi candidato à liderança do partido e tem hoje uma outra visibilidade, até porque ocupa um espaço de opinião semanal na CNN, onde todas as semanas dá conta das suas posições políticas. A luta pela conquista da Câmara que é considerada uma das mais apetecíveis está agora mais renhida no interior do partido socialista.
Em pior situação está o PSD, que não tem até ao momento um candidato forte para o Porto. Miguel Guimarães ainda não está fechado e sociais-democratas não afastam a hipótese de optar por outro independente.