É verdade que nunca escrevemos sobre nós, mas sempre que temos a tentação de escrever sobre política e os atuais protagonistas, ficamos com poucas certezas e muitas dúvidas. No nosso percurso de vida o tempo é infinito e absoluto, mas na atividade política um dia, um mês, um ano pode ser uma eternidade.
Talvez seja bom recordar que quem nasceu num regime ditatorial e um dia ao acordar foi contemplado com uma democracia, sabe fazer a comparação. Quem nasceu e vive em liberdade, jamais sabe o que foi uma ditadura.
No campo político, após a revolução é verdade que a esquerda ocupou paulatinamente a dianteira pós-ditadura, com um crescimento inevitável, identificando o centro e alguma direita com o antigo regime. Foi um combate difícil, de duas forças que se situava em polos opostos, uma extremista de esquerda mal preparada que perdeu e outra do centro que ganhou com grandes vultos bem preparados politicamente e intelectualmente, a palavra era sinal de compromisso e honra, havendo um grande equilíbrio na ação governativa entre a ‘esquerda-centro e a direita-centro’ e assim se consolidou a mais linda história e mais humana de uma sociedade mais justa e mais aberta.
Talvez por estarmos tantos anos em regime de ditadura, a democracia foi essencialmente uma mudança de atitude e procedimento, a nossa vida passou a depender de nós e não o que nos impunham. A revolução de 25 abril de 1974, foi sem qualquer dúvida um sucesso na mudança de regime em que todos os cidadãos escolhem os seus representantes através do voto.
Ao escrever este artigo, não estou preocupada com o comportamento do Presidente da República, do presidente da Assembleia da República, do primeiro-ministro ou do líder da oposição, porque representam mais de 75% da população e todos eles são pessoas Bem-formadas e defensores acérrimo da democracia em Portugal.
Também não me preocupa que 1.200.000 cidadãos tivessem votado nas legislativas de 10 de março de 2024 e elegido 50 deputados num partido xenófobo e racista. As pessoas que votaram nesse partido são pessoas humanas e democratas, apenas o fizeram desiludidos com o PS e PPD/PSD, mas tudo está a voltar à normalidade, mas confesso que me preocupa o comportamento do líder desse partido André Ventura, um egocêntrico e demagogo, com falta de preparação política, não tem sensibilidade humana funciona como um robot, é complexado e invejoso com o sucesso de outros, para ele todas as pessoas são desprezíveis e menores. Triste espetáculo o comportamento deste líder, com sintomas muito próximas de um psicopata, que não sabe cativar o pensamento e valores dos seus dirigentes e simpatizantes, que já não o suportam e está a caminhar para o abismo.
Estando a democracia consolidada e controlada, existem outros perigos que é o descalabro do Ministério Público. Razão tem o ex-líder do PSD Rui Rio ao afirmar que o MP, é a nova PIDE que pouco investiga, mas que destrói qualquer cidadão independentemente da sua condição ou lugar que ocupa. Culpa teve o ex-primeiro-ministro António Costa ao não aceitar fazer uma reforma no Ministério Público com o líder da oposição Rui Rio, culpa tem o PR, o PM e o líder da oposição, que demonstram medo ao não demitirem a principal responsável a procuradora-geral da República, que curiosamente só tem um apoio político o líder do Chega, André Ventura.