Maduro mantém-se no poder após eleições polémicas

Da direita à esquerda, grande parte da comunidade internacional pede verificação dos resultados que deram uma vitória tangencial a Maduro.

Maduro mantém-se no poder após eleições polémicas

Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez, declarou vitória na noite eleitoral de domingo. O Conselho Nacional de Eleições, órgão controlado pelo Governo autoritário da Venezuela, revelou que o Presidente – responsável pela degradação das condições de vida dos venezuelanos – ganhou a eleição com 51,2% dos votos. A oposição, liderada por María Corina Machado e encabeçada por Edmundo González, ficou pelos 44,2%.

São resultados que contrariam totalmente as sondagens, principalmente as que foram realizadas à boca da urna, que davam uma vitória esmagadora à oposição do regime chavista. Como noticiou a Euronews, houve um atraso de seis horas na divulgação dos resultados, algo que fez aumentar ainda mais as suspeitas de fraude eleitoral.

Era um cenário que já se previa, com Maduro, que ameaçou com um “banho de sangue” no caso de um eventual desaire, a evocar a “derrota do fascismo”.

González, na primeira declaração após serem conhecidos os resultados, disse que “os venezuelanos e o mundo inteiro sabem o que aconteceu”. O Presidente chileno, o socialista Gabriel Boric, afirma que “o regime de Maduro deve entender que os resultados que publicou são difíceis de acreditar” e não reconhece a vitória até que sejam publicados resultados verificáveis. Também o Governo de Lula da Silva espera pela verificação antes de reconhecer os resultados. É um sentimento generalizado, à exceção da China, da Rússia, de Cuba, da Nicarágua, da Bolívia e das Honduras – o leque de regimes que felicitou Maduro.

O Governo português, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, apelou à “verificação imparcial dos resultados eleitorais”. Postura que o PCP criticou. Os comunistas acreditam que o triunfo de Maduro, que ameaçou com violência em caso de derrota e proibiu vários opositores, é uma “importante vitória” das “forças progressistas, democráticas e patriotas venezuelanas” frente a um “projeto reacionário, antidemocrático e de abdicação nacional”.

A autocracia que conta já com 25 anos teima em cair, mas estas eleições foram úteis para demonstrar o cansaço do regime que tem afundado as aspirações de liberdade do povo venezuelano.