Animais de estimação. As despesas, as modas e os negócios

Um animal de estimação não pode contar apenas com a sua atenção e exige despesas. Além da alimentação, conte também com cuidados veterinários e treinos, colocação de microchip e registo, a par de vacinas e desparasitantes.

O número de cães e gatos nos lares portugueses tem vindo a aumentar e com ele os gastos, assim como os negócios que vão surgindo. Uma grande fatia do orçamento para os animais de estimação vai para a alimentação, mas aí há oferta para todos os gostos e preços.

De acordo com um estudo feito pela CashNetUSA – que pesquisou o preço da ração seca mais barata para cães nos supermercados locais de 97 países para determinar quanto custa alimentar um cão –, os portugueses gastam mais de 536 euros por ano em comida para os seus cães. Um valor bem superior face aos nossos vizinhos espanhóis, que gastam pouco mais de 426 euros.

A somar, há que contar ainda com as despesas relacionadas com cuidados veterinários e treinos, bem como com a colocação de microchip e o registo, além de vacinas e desparasitantes. A Deco Proteste fez as contas e diz que os cães requerem cerca de 1021 euros por ano e os gatos 892, com os serviços de saúde – que variam consoante a idade e a espécie, podendo chegar, em média, a 411 euros por ano a cães seniores – a liderarem a tabela dos gastos.

Os números falam por si. O volume de negócios agregado das empresas com atividade veterinária atingiu os 385 milhões de euros em 2023, o que representa um crescimento de 6,1% face ao ano anterior. Segundo a análise da Informa D&B, o setor regista um dinamismo significativo desde 2014, com taxas anuais de crescimento superiores a 10% até 2021, devido à existência crescente de animais de companhia nas casas dos portugueses. Também o número de empresas que desenvolvem atividades veterinárias em Portugal mantém desde 2013 uma tendência crescente, atingindo as 2 736 em 2022, mais 3,5% do que no ano anterior. Já o emprego aumentou no período 2012-2022, passando de 3948 para mais de 7900 trabalhadores.

Evitar gastos extra

Como o seu animal de estimação também fica doente e exige idas ao veterinário, e são estas as despesas que mais pesam no orçamento, há cada vez mais portugueses a contratarem um seguro animal que alivie a fatura. Os últimos dados do estudo Basef Seguros da Marktest aponta para a existência de 373 mil.

De acordo com a Deco Proteste, os seguros de saúde animal podem incluir várias coberturas mas a maioria dos produtos mais completos abrange responsabilidade civil, despesas veterinárias e cirurgias por doença ou acidente. Os limites de capital em cada uma das variáveis tam oscila bastante.

E explica: “A responsabilidade civil é útil para a generalidade dos cães e para gatos mais traquinas ou que costumem passear fora de casa. Qualquer dano que provoquem a terceiros (partir o vaso da vizinha ou deitar ao chão a mota do entregador de piza, por exemplo) está coberto pelo seguro. O capital começa nos 25 mil euros para cão e 5 mil euros para gato, mas pode chegar aos 250 mil euros. No cálculo para os prémios do seguro animal, foram considerados, sempre que possível, 50 mil euros, para cão, e o mínimo disponível, para gato. De salientar que a cobertura de responsabilidade civil é obrigatória para raças consideradas potencialmente perigosas, como cão-de-fila-brasileiro, dogue-argentino ou rottweiler, e o capital mínimo deverá ser de 50 mil euros”, refere o estudo.

A publicação recorda que a cobertura de despesas veterinárias abrange consultas, tratamentos e exames. “Tanto inclui as de rotina como as decorrentes de doença, mas também as necessárias em caso de acidente. A maioria das seguradoras funciona com uma rede de prestadores. Dos produtos analisados, apenas os da Fidelidade e da Ocidental permitem escolher livremente os prestadores (embora também disponham de uma rede própria de clínicas). Neste caso, a despesa é paga e depois é apresentada a fatura à seguradora, a qual é parcialmente reembolsada. Nos restantes, é pago um valor fixo por cada ato médico, mas inferior ao cobrado fora da rede. Nem todos os seguros para animais disponibilizam capital para as despesas veterinárias”.

Mas é preciso ter cuidados no momento da escolha. Todas as apólices impõem limites de idade para a adesão ou para aceder a certas coberturas, como as cirurgias. No entanto, algumas não impõem limites, se o cão ou o gato forem incluídos no seguro até aos três ou quatro anos. Já outras só podem ser contratadas se o animal tiver até sete anos.

Opções que podem sair caras

Para quem fica com o coração nas mãos por deixar o seu animal sozinho enquanto vai trabalhar, então, recorrer a creches para cães pode ser uma alternativa. Esta solução já existe há muitos anos em outros países, em Portugal a moda começou a surgir há pouco mais de de dez anos, mas vai ganhando cada vez mais espaço. Os preços são variados. Tudo depende do serviço que pede: todos os dias da semana não, se quer que vá de transporte ou se pedir serviços de escovagem.