Marcelo diz ser importante “saber do que estamos a falar” quando se debate imigração

“É fundamental, ao falar-se de imigração, numa pátria como a nossa, que foi sempre de emigração, saber do que estamos a falar”, escreveu, em resposta a uma pergunta de um aluno da Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide, Portalegre. 

Marcelo Rebelo de Sousa disse, esta quarta-feira, que há diferenças entre a realidade da imigração e as narrativas que são construídas, na sequência de uma pergunta sobre a proposta do Chega para um referendo. 

“É fundamental, ao falar-se de imigração, numa pátria como a nossa, que foi sempre de emigração, saber do que estamos a falar”, escreveu, em resposta a uma pergunta de um aluno da Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide, Portalegre. 

O autor da pergunta queria saber qual a análise que Marcelo Rebelo de Sousa faz “à recente proposta do referendo à imigração” do Chega e que enquadramento constitucional teria.  

Neste sentido, o Presidente da República, numa resposta incluída no jornal da Universidade de Verão, referiu-se aos números da imigração em Portugal para argumentar que “ter estes números presentes é ter presente a diferença entre a realidade e discursos ou narrativas sobre ela”. 

Recorde-se que a proposta do referendo anunciado pelo Chega quer perceber se os portugueses acham que deve ser  estabelecido um “limite anual de imigrantes no país, definido previamente por lei, que possa ser revisto” periodicamente. 

Marcelo Rebelo de Sousa questiona: “quantos são os imigrantes”?, apontando que são “um milhão em quase onze milhões que são a população residente no nosso território físico”. 

“Desse milhão, quantos integram a comunidade brasileira e luso-brasileira? Porventura mais de trezentos mil, a crescerem rapidamente e a poderem ser acima de quatrocentos mil em 2026 ou 2027”, disse. 

“Juntemos comunidades também antigas e sólidas — britânicos, cabo-verdianos, angolanos e indianos. Teremos não longe de duzentos mil. E já vamos em perto de sessenta por cento do total”, assinalou o Presidente, acrescentando “outros grupos europeus clássicos — com italianos e franceses à cabeça” que chegam, somados, a quase “dois terços do total”.  

Com os imigrantes dos Países Africanos de Língua Portuguesa por um lado, e os “oriundos das Américas”, chega-se a “setenta e vários por cento”. 

“Não esqueçamos asiáticos, recentíssimos — como do Nepal e do Bangladesh -, e estaremos a aproximar-nos do total”, indicou. 

Marcelo afirmou depois que, de todas as comunidades, a maioria é cristã, “de vários credos e igrejas”. 

“Que peso têm muçulmanos, incluindo ismaelitas? Provavelmente menos de dez por cento”, disse.