A Organização das Nações Unidas (ONU) tem incentivado o investimento nas pessoas e no desenvolvimento das suas capacidades, apostando com particular atenção na Educação e na Cultura como pilares essenciais de transformação das sociedades. A consciência mundial de consagrar como prioridade o conhecimento de qualidade, inclusivo e equitativo, garantindo o seu acesso a todos e ao longo da vida, está a tornar-se cada vez mais relevante, ao ponto de superar o financiamento habitual a outros projetos estruturantes.
Nestes tempos de incertezas e ameaçados por movimentos populistas, o crescimento perigoso da xenofobia e do racismo só encontra terreno fértil para desacreditar as instituições democráticas na ignorância, sendo fundamental que os decisores políticos prossigam estes compromissos e valores essenciais apontados pela ONU, sob pena das sociedades atuais desmoronarem pela cedência aos extremismos.
Para tal, será necessário resistir à tentação da política de curto prazo, impulsionada e promovida pelas redes sociais e por um certo estilo de jornalismo vigente, optando por liderar com os olhos postos nas próximas gerações, de um modo sustentável e baseado nos campos educacionais e culturais.
A necessidade desta liderança apontada aos momentos vindouros é maior do que nunca, sendo a única forma de permitir que as sociedades alcancem patamares onde nunca estiveram, recuperando a relevância necessária para o progresso. Infelizmente, ainda não tem sido essa a opção maioritária por este mundo fora.
Mas há quem resista e consiga lançar iniciativas decisivas para um futuro melhor, inseridas neste rumo certo.
Em Angola, muito pela teimosia empreendedora do seu coordenador Paulo de Angola, realiza-se anualmente a Confenda, uma conferência que debate temas de gestão, possibilitando com imenso êxito uma eficaz partilha de bons exemplos vindos de diversos países. A sua quarta edição aconteceu no passado mês de agosto na cidade de Benguela, saindo pela primeira vez de Luanda, conseguindo juntar mais de 300 pessoas, oriundas de Angola, África do Sul, Brasil, China, Congo, Cuba, Espanha, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal. O crescente sucesso tem sido tão significativo que já se discute a internacionalização do evento para outros espaços lusófonos.
E em Cascais, no âmbito da sua Estratégia Local de Habitação, a Câmara Municipal irá disponibilizar 105 alojamentos para professores que estejam a viver longe de casa e lecionem no concelho durante este ano letivo, assegurando o acesso à habitação a preços mais reduzidos para docentes, a par de outras profissões que também serão beneficiadas.
Nos países de expressão portuguesa e na sua rede multilateral, a Educação e a Cultura assentam na Lusofonia, sendo essa a sua base distintiva, imprescindível à sua evolução e à sua prosperidade. E a esperança reside nestes exemplos, concretizados pelos que se transcendem na sua visão e ousadia a longo termo