Almirante ganha fôlego para as presidenciais

A última sondagem sobre presidenciais divulgada esta semana pela CNN veio animar as hostes dos apoiantes de Gouveia e Melo. Enquanto o almirante termina com dignidade o seu mandato à frente da Marinha, prepara-se a máquina de uma candidatura que já tem apoios de norte a sul.

A sondagem da CNN que esta semana aponta para uma vitória inquestionável de Henrique Gouveia e Melo nas presidenciais de 2026 veio animar as hostes dos que há meses preparam nos bastidores uma candidatura do almirante. Embora não tenham ficado surpreendidos com os resultados, os apoiantes de uma candidatura do atual chefe do Estado-Maior da Armada consideram que «são dados que confirmam a popularidade do almirante e que dão ainda mais força à candidatura».

A decisão final será tomada pelo próprio Gouveia e Melo, que, por enquanto e ao que sabemos, «mantém conversas, ouve conselhos e regista disponibilidades», mas não abre o jogo sobre o que irá fazer quando em dezembro cessar funções à frente da Marinha portuguesa. Certo é que, segundo as nossas fontes, a máquina está pronta para arrancar assim que houver uma manifestação de disponibilidade. Ao que nos dizem, de norte a sul do país já há figuras com visibilidade para darem a cara pela candidatura de Gouveia e Melo e, garantem-nos, «são figuras que vão da direita ao centro», assegurando assim a transversalidade do candidato que se quer apresentar como alguém que vem da sociedade civil e que tem apoios nas várias áreas do espetro político português.

Alertas de Marcelo favorecem a candidatura do almirante

Foi esta semana que o Presidente da República veio associar uma possivel crise política provocada pelo chumbo do Orçamento às eleições presidenciais. Discorrendo sobre a importância de se aprovar o Orçamento para 2025, Marcelo acrescentou que, em caso de nova crise política, esta só pode favorecer os radicalismos e acrescentou não estar a falar de um reforço da votação do Chega, mas num incremento de votos a candidatos presidenciais que venham de fora do sistema.

Não se referindo nunca ao nome de Gouveia e Melo, o Presidente não deixou dúvidas sobre a quem estava a referir-se e, quando esta semana foi questionado sobre uma hipotética candidatura do almirante (encontrava-se ao seu lado numa ação organizada pela Marinha), Marcelo recusou-se a comentar.

Para os apoiantes do ainda chefe do Estado-Maior da Armada, as críticas e receios de Marcelo Rebelo de Sousa «ajudam a crediblizar o candidato, até porque, numa altura em que o Presidente está fragilizado, Gouveia e Melo destaca-se pela diferença». A mesma fonte acrescenta que, «depois de Marcelo, os portugueses vão querer um outro perfil para Presidente». Tudo razões para que o grupo que apoia esta candidatura considere que, «quanto mais Marcelo agitar com o papão Gouveia e Melo, mais ganhos de causa tem o almirante».

Centeno cada vez mais perto de ser o candidato socialista

Foi há um ano que o governador do Banco de Portugal deu os primeiros sinais de que poderia estar aberto a uma candidatura presidencial. Em agosto de 2023, o Nascer do SOL publicava num artigo que fez manchete que, na sequência dos maus resultados obtidos por Augusto Santos Silva nas sondages de putativos candidatos presidenciais, os socialistas começavam a virar-se para outras hipóteses. Na mesma altura (agosto de 2023), Mário Centeno deixou implicita a possibilidade de abraçar novos desafios, no final do seu mandato como governador, tendo nessa mesma altura sinalizado aos então primeiro-ministro e ministro das Finanças que não pretendia fazer um novo mandato à frente do banco central.

Estava assim encontrado um candidato que agradava à cúpula socialista. Só que a crise política que se precipitou na sequência da Operação Influencer que levou à queda do Governo maioritário de António Costa quase que ditou um outro rumo para o ex-ministro da Finanças. Costa tentou manter de pé o Governo socialista com uma outra liderança e apresentou o nome de Centeno ao Presidente da República para ocupar o seu lugar. A proposta, já se sabe, não foi aceite e Centeno manteve-se na reserva para as presidenciais.

Esta semana, o jornal Observador publicou uma notícia dando conta dos preparativos da candidatura de Centeno. Tal como do lado de Gouveia e Melo, também aqui o ainda governador do Banco de Portugal já tem uma máquina a mexer nos bastidores. Segundo o Observador, «estão em marcha há um ano e intensificaram-se nos últimos meses conversas em torno da preparação de uma candidatura de Mário Centeno à Presidência da República que incluem figuras do PS, mas também à direita». O mesmo artigo refere que uma das personalidades à direita que estará ao lado de Centeno é o ex-deputado e antigo ministro do CDS Luís Nobre Guedes.

Centeno termina o seu mandato no verão de 2025, mesmo a tempo de poder assumir uma candidatura a Belém, já que as eleições presidenciais se realizam em janeiro de 2026.

Marques Mendes consolida-se à direita

Apesar de na sondagem publicada esta semana pela CNN surgir atrás de Passos Coelho na preferência dos eleitores, Luís Marques Mendes é neste momento o único nome de quem se fala para protagonizar uma candidatura de direita às presidenciais de 2026.

Tendo mostrado abertura para se candidatar há um ano e reforçado essa abertura no final deste verão – quando respondeu aos jornalistas na Universidade de Verão do PSD: «Muito em breve irei tomar uma deisão» -, o comentador político marcou lugar na pole position para a corrida a Belém como candidato do PSD.

Paulo Portas e Pedro Passos Coelho são outros nomes de quem se tem falado à direita do espetro político, mas, até agora, nenhum dos dois deu sinais de que estivesse interessado em ir a votos. Se do lado de Passos Coelho têm surgido sempre afirmações de que o ex-primeiro-ministro não demonstra interesse pela função presidencial, do lado do antigo líder do CDS o cenário não é idêntico.

Dizem os mais próximos de Paulo Portas que a candidatura presidencial esteve ao longo do tempo no seu horizonte, mas que o antigo líder centrista foi medindo com cautela as reais hipóteses de poder lançar uma candidatura com sucesso.

Ao que nos dizem, essas condições não estão reuindas aos olhos do próprio Portas e, portanto, a decisão mais provável é manter-se nos bastidores e no comentário televisivo. Em todo o caso, dizem-nos, as coisas em política podem ter evoluções surpreendentes, como os últimos tempos têm mostrado, e por isso a estratégia do ex-líder centrista é manter-se no recato, que é como quem diz, na reserva, caso a hipótese de uma candidatura de sucesso possa ainda surgir.