O Presidente da República disse este sábado que “a República e a democracia estão viva”. No discurso do 114º aniversário da Implantação da República, Marcelo acrescentou que “o mundo mudou, Portugal mudou” e por isso “sabem que têm de mudar. E muito”.
Na tradicional sessão solene na Praça do Município, em Lisboa, o chefe de Estado interviu depois do presidente da Câmara Municipal, Carlos Moedas, que numa alusão ao Orçamento do Estado para 2025 disse “O país não pode ficar refém de ansiedades pessoais e partidárias”.
“O 5 de outubro está vivo porque a República está viva e a democracia está viva”, começou por dizer o Chefe de Estado no seu discurso, acrescentando que “República renasceu” com o 25 de Abril e “afirmou a sua plena legitimidade eleitoral em 1982”.
“A República e a democracia experimentaram substanciais mudanças, viram o mundo mudar de bipolar, para unipolar e para multipolar, e Portugal sempre fiel aos seus princípios”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, salientando que a “República e a democracia resistiram a crises financeiras e económica”.
“Numa palavra, com 114 anos a República e 50 anos a democracia, com anos amiúde atribulados para uma e para outra, o certo é que estão vivas”, disse, lembrando que “o mundo mudou, Portugal mudou. A democracia está viva, não é perfeita nem acabada, longe disso”.
Segundo o Presidente da República, democracia e República “sabem que têm de mudar e muito: nos 2 milhões de pobres, nas desigualdades entre pessoas e territórios, no combate à corrupção, no envelhecimento coletivo e também de tantos sistemas sociais, na insuficiência do saber, da educação, do crescimento, constantes essas graves que não conseguimos alterar em 50 anos de Abril”.
Sabem também, diz o chefe de Estado, que “viver com liberdade é melhor que viver com repressão”, que “pluralismo é melhor do que viver com verdade única”, que “tolerância e pluralismo é muito melhor do que aversão ao diferente e fechamento”.
“A mais imperfeita democracia, é muito melhor que a mais tentadora ditadura”, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa. , disse por fim.
Camões
Antes, Carlos Moedas aproveitou a ocasião para lembrar que os 114 anos da República
coincidem com o nascimento de Camões. “Parece por vezes que este marco passou despercebido. Que escapou à memória de parte da classe política que teria o dever de o lembrar”, afirmou.
“O Senhor Presidente da República bem o disse uma vez, que nunca faremos justiça a Camões. Podemos não conseguir fazer-lhe justiça, mas temos sempre algo a aprender com Camões. Porque foi ele, em grande medida, que nos fez compreender quem somos”.
Depois, o autarca lisboeta perguntou “quantas vezes na nossa história nos desviámos do caminho porque foram preferidas vaidades pessoais e interesses partidários em vez do bem-comum ou do interesse nacional?”.
“Hoje, quando tanto se fala de bloqueios e de travar medidas essenciais para o futuro do país, devemos ser claros: o país não pode parar. O país não pode ficar refém de ansiedades pessoais e partidárias. É o estado do país e não os estados de alma que devem guiar os líderes políticos”, disse Carlos Moedas.
Minutos antes do arranque da cerimónia soube-se que o Secretário-Geral do Partido Socialista (PS) Pedro Nuno Santos não iria marcar presença no evento. A substituir o líder da oposição na cerimónia solene esteve a líder parlamentar do PS Alexandra Leitão.