Autárquicas. Porto e Lisboa podem trazer novidades

A hipótese de nova crise política não pára as máquinas dos partidos que já trabalham para as autárquicas. No Porto, PSD e CDS podem concorrer separados e, em Lisboa, José Luís Carneiro pode ser candidato

Haja ou não eleições legislativas antecipadas, uma coisa é certa, as eleições autárquicas têm data marcada para setembro ou outubro do próximo ano e as máquinas partidárias estão já a trabalhar na escolha dos melhores candidatos.

Nas próximas autárquicas há 98 presidentes de câmara em limite de mandato, dos quais 50 são do Partido Socialista que tem neste momento a liderança da Associação Nacional de Municípios por larga margem. O desafio é grande e a oportunidade de conquistar novas câmaras é real, quer para socialistas, quer para sociais-democratas.

Na mira dos dois principais partidos está o município do Porto, a segunda maior autarquia do país, ocupada há mais de uma década pelo independente Rui Moreira. Os socialistas têm já potenciais candidatos na grelha de partida, todos eles com hipótese de vitória segundo estudos internos na posse do partido. Manuel Pizarro, que já por duas vezes se candidatou, é o nome mais provável, embora os nomes de José Luís Carneiro e de Fernando Araújo (ex-diretor executivo do SNS) estejam também a ser considerados.

Do lado do PSD, a escolha parece mais complicada, até porque o partido ainda não decidiu se quer juntar-se aos independentes do movimento Aqui há Porto, liderado até agora por Rui Moreira, o qual tem o apoio de CDS e IL. 

Pedro Duarte, atual ministro dos Assuntos Parlamentares, é o nome de que mais se fala para poder liderar uma candidatura social-democrata, mas esta é uma hipótese que ainda tem muitos ‘ses’, tendo em conta a situação política incerta que se vive no país. «Se o Governo estiver em funções, sem sobressaltos daqui a um ano, o Pedro Duarte pode sair para a câmara do Porto e iniciar um percurso para se posicionar como candidato à liderança do partido no futuro», diz-nos um social-democrata conhecedor do processo. 

PSD e CDS podem concorrer separados à Câmara do Porto

Se o ministro dos Assuntos Parlamentares for o candidato, é muito provável que a atual coligação que está à frente dos destinos do município se junte, mas não sendo esse o caso, as várias forças políticas que governam o Porto dividem-se e o CDS pode mesmo optar por não concorrer em coligação com o PSD.

Ao que garantiram ao Nascer do SOL, Catarina Araújo, a centrista que é vereadora da Saúde, Juventude, Desporto, Recursos Humanos e Proteção Civil, é um nome muito popular na cidade Invicta, com grande reconhecimento público e o membro da equipa de Rui Moreira que tem maior popularidade na cidade. «O Rui Moreira entrega-lhe todos os pelouros importantes e anda todas as semanas na rua, tem muita visibilidade e reconhecimento», diz-nos um colega da vereadora. Os centristas veem em Catarina Araújo, que também é porta voz do partido, uma oportunidade única de conseguirem um bom resultado, capaz de provocar leituras nacionais favoráveis ao partido que luta pela sobrevivência. «Nessa circunstância, não há nenhum motivo para não ponderar uma candidatura autónoma do CDS», diz ao nosso jornal uma fonte da direção do partido.

José Luís Carneiro candidato a Lisboa? Porque não?

A ideia surgiu nos últimos meses e tem começado a ganhar tração. A hipótese de apoiar uma candidatura à autarquia de Lisboa do socialista que mediu forças com Pedro Nuno Santos nas últimas eleições internas do partido, partiu de um grupo de cidadãos independentes, próximos do ex-ministro da Administração Interna. 

Percebendo que uma candidatura à Câmara do Porto estava cada vez mais distante, tendo em conta o interesse confessado de Manuel Pizarro em entrar na luta pela sucessão de Rui Moreira, um grupo de independentes lançou a ideia de uma candidatura de Carneiro a Lisboa. A ideia foi bem recebida pelos mais próximos do ex-ministro que a levaram ao próprio José Luís Carneiro. 

Questionado pelo nosso jornal, o socialista confirma que tem tido contactos nesse sentido, embora garanta que, por enquanto, isto são apenas sugestões e conversas: «Não há decisões tomadas, nem o início de um caminho para isso». 

E se o convite para uma candidatura a Lisboa surgir, qual é a disponibilidade para assumir o desafio? José Luís Carneiro responde ao Nascer do SOL que seria uma hipótese a considerar. «Apesar de ser do Porto e ter residência no Porto, a verdade é que a vida me trouxe para Lisboa há vários anos e, hoje em dia, também resido em Lisboa», diz-nos o socialista que dá outros exemplos para justificar a sua hipotética disponibilidade para disputar a câmara de Lisboa a Carlos Moedas. «Nunca aceitaria um desafio para me candidatar a um município onde não resida. Se o desafio fosse para me candidatar a Sintra ou a Braga, não haveria qualquer hipótese de responder positivamente, porque não tenho qualquer relação com esses municípios». 

José Luís Carneiro entra assim na lista de possíveis candidatos socialistas à Câmara de Lisboa, uma lista de que fazem parte também Alexandra Leitão e Mariana Vieira da Silva.