Ribau Esteves. ‘Dinossauro’ diz adeus a Aveiro e às autarquias após 26 anos

Líder em Aveiro por 12 anos, modernizou a cidade, mas enfrentou críticas por incentivar o AL e a especulação imobiliária.

Encontrar um sucessor para José Ribau Esteves é um dos desafios do PSD para as próximas eleições autárquicas. Autarca há 26 anos, com três mandatos à frente de Aveiro, depois de já ter atingido o limite de mandatos na Câmara de Ílhavo (entre 1997 e 2013), é um dos grandes ‘dinossauros’ da política local que se preparam para “arrumar as botas”.

Licenciado em Engenharia Zootécnica pela UTAD/Vila Real, além da sua carreira na política local, desempenhou funções de diretor comercial da empresa Purina Portugal (conhecida marca de rações para cães e gatos). Foi deputado à Assembleia da República na IV legislatura (1992 e 1994), secretário-geral do PSD de outubro de 2007 a junho de 2008 e esteve à frente da da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) até 2023.

Enquanto presidente da Câmara, Ribau Esteves deixa um legado autárquico importante em Aveiro, com uma cidade mais moderna e atrativa para turistas e investidores. Mas  alguns episódios, especialmente em áreas relacionadas com o urbanismo e questões ambientais, valeram-lhe duras críticas.

Especulação imobiliária 

O turismo em Aveiro tem batido recordes de visitas e dormidas ano após ano. Em dez anos, o número de camas em alojamentos locais subiu de 20 para cerca de 2500. Embora esta tendência de crescimento tenha sido motivo de celebração devido ao alavancar o setor ligado ao turismo, a oposição e algumas associações de moradores criticaram Ribau Esteves pela falta de políticas habitacionais adequadas para contrabalançar o aumento de preços e proteger adequadamente as famílias de menores rendimentos.

O autarca desvalorizou o problema e garantiu haver equilíbrio entre a dinâmica económica gerada e a capacidade de acolher novos residentes.

Quanto ao alojamento local, Ribau Esteves sempre se opôs à limitação e defendeu a liberalização das atividades, cabendo às autarquias o seu licenciamento.

O aumento do número de projetos de construção e a promoção de empreendimentos imobiliários de grande escala durante o seu mandato também foi alvo de críticas por muitos que temiam que a cidade perdesse o seu caráter tradicional e acolhedor. Um dos projetos que gerou grande controvérsia foi a permissão de grandes empreendimentos imobiliários no Bairro da Beira-Mar, um bairro tradicional, muito característico da cidade de Aveiro. O facto é que durante o seu consulado a cidade adquiriu um perfil mais dinâmico e moderno, sem perder o caráter.

Amoreiras em ‘Aveiro’

Em 2021, duas moradias, cujo desenho foi assinado pelo arquiteto Tomás Taveira, estiveram envoltas em polémica.

O empreendimento foi alvo de críticas de cidadãos que o consideraram “horroroso” e um “crime urbanístico”. A obra localiza-se a escassos metros da Ria de Aveiro, num plano elevado que lhe permite uma vista privilegiada sobre esta zona da cidade. Entre os vários comentários deixados nas redes sociais, os utilizadores criticavam o enquadramento paisagístico da obra, apontando alguns o dedo à Câmara Municipal de Aveiro pelo licenciamento deste projeto.

Na altura, Ribau Esteves defendeu a legalidade do projeto, argumentando que não se encontra no centro histórico da cidade, mas sim numa pouco urbanizada, e que respeita todas as normas de construção.

Afastada candidatura a outra autarquia

Apesar ainda não ter definido o que irá fazer depois do fim do mandato, Ribau Esteves já garantiu que não irá candidatar-se a outra autarquia em 2025.