A coordenadora do Bloco de Esquerda admitiu, esta quinta-feira, que o partido cometeu erros no que chamou “processo penoso” de despedimentos em 2022.
“Num processo penoso como aquele que vivemos em 2022, ao termos que terminar vínculos profissionais com metade das pessoas que empregávamos, nem tudo foi isento de falhas e o Bloco reconhece-o. Cometemos erros que lamentamos e que hoje teríamos evitado”, lê-se numa carta enviada pela líder do partido a militantes.
Em causa está uma notícia da Sábado que referia que o Bloco de Esquerda tinha despedido cinco trabalhadoras do partido, entre 2022 e 2024, que tinham sido mães há pouco tempo. Na sequência da publicação do artigo, o BE apresentou uma queixa à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
Na sua missiva, enviada esta quinta-feira, Mariana Mortágua insistiu na falsidade da notícia e explicou que “das cinco referências publicadas, duas são relativas a despedimentos que o Bloco não fez (o Parlamento Europeu terminou esses vínculos automaticamente no final dos mandatos dos eurodeputados, em 2024) e uma terceira é ao caso de uma assessora que continua a trabalhar no grupo parlamentar”.
Por outro lado, admitiu que os restantes dois casos “motivaram perguntas pertinentes de vários bloquistas”.
A coordenados do Bloco fez questão de lembrar que o facto de o partido ter reduzido, nas eleições legislativas de 2022, o seu número de deputados de 19 para cinco reduziu a subvenção pública, obrigando à extinção de cerca de trinta postos de trabalho, que, na sua maioria, cessaram em março desse ano.
No entanto, explicou Mortágua, no caso “excecional” de duas trabalhadoras foram adotadas medidas especiais, tendo ficado estabelecido que, apesar da extinção do posto, seriam ‘novamente’ contratadas até final de dezembro. Uma diferenciação, segundo a líder bloquista, “motivada precisamente pelo facto de terem sido mães pouco tempo antes”.
Sobre o facto de uma destas duas trabalhadoras ter sido informada durante a sua licença, Mortágua justificou que esse contacto foi feito “sob a pressão das circunstâncias” e que, logo na altura, esse “erro” foi apontado pela pessoa em questão, tendo a direção do Bloco reconhecido “a razão do seu descontentamento” e lamentado tê-lo causado.
Mariana Mortágua aborda ainda a questão dos contratos de trabalho adicionais celebrados com estas trabalhadoras, em vez de se dar seguimento ao pagamento das indemnizações normais.
A coordenadora do BE defendeu que assim foi assegurado “o pagamento de um valor mais relevante do que aquele que resultaria da indemnização legal”, além de “ter proporcionado oito meses adicionais de proteção de rendimento, ao adiar nesse tempo a eventual passagem a subsídio de desemprego”.
“Esta opção não prejudicou ninguém e foi vantajosa para as trabalhadoras – mas é certo que o Bloco deveria ter encontrado uma solução melhor para o mesmo objetivo”, reconhece na carta.
A terminar, Mortágua sublinhou que o Bloco de Esquerda responde “com confiança, tanto às notícias falsas como às questões pertinentes” que são dirigidas à direção.