A reunião do Conselho Nacional do PSDdesta semana teve características diferentes do habitual. Um conselheiro presente disse ao Nascer do SOL que há muito tempo que não se via um Conselho Nacional tão concorrido, «e não foi por causa de o partido estar no poder, porque já tivemos outros conselhos depois disso e não estava tanta gente», sublinhou.
Esta foi também a primeira vez que o discurso de abertura de Luís Montenegro não foi aberto à comunicação social. Porquê? «Porque ele (Luís Montenegro) queria passar alguns recados internos».
Regras para as autárquicas
Referindo-se aos próximos desafios eleitorais, Luís Montenegro fez questão de começar por se referir às eleições na Madeira, eliminando dúvidas sobre o seu apoio indefetível a Miguel Albuquerque e à estratégia que o Presidente do Governo Regional deve adotar para uma nova ida às urnas.
O foco do líder do PSDfixou-se depois nas eleições autárquicas. Vários dirigentes locais presentes na sala queriam instruções quanto à margem de manobra que teriam para fazer coligações, ao que Hugo Soares, Secretário-Geral do partido e responsável pelo processo autárquico, fez questão de deixar uma regra de ouro:«Não há coligações com o Chega, não é não em todo o país». Mas em matéria de autárquicas houve um outro pedido feito aos conselheiros. «Foi pedido que fosse dado poder à Comissão Política Nacional para definir a política de alianças», um pedido que a nossa fonte diz estar relacionado com a notícia que fez manchete na última edição do nosso jornal: «Montenegro e Rocha preparam coligação a nível nacional». Quanto ao resto, foram elencados os nomes de candidaturas já fechadas, como é o caso de Cascais com Piteira Lopes, Sintra com Marco Almeida, Braga com João Rodrigues e outros nomes que já estão escolhidos. Carlos Moedas, que preside ao Conselho Nacional foi desafiado a dizer quando anunciará a candidatura, mas o autarca fugiu à resposta, embora não tenha deixado dúvidas quanto à sua vontade de se candidatar.
Lições sobre o preço dos combustíveis
Segundo o relato ouvido pelo nosso jornal, houve duas razões para que Montenegro tenha escolhido falar à porta fechada: fornecer a argumentação para a defesa da ministra da Saúde que tem vindo a ser atacada por toda a oposição por causa da demissão de Gandra d’Almeida, o diretor executivo que escolheu para substituir Fernando Araújo no SNS;e munir os presentes de argumentos para defender a posição do Governo em matéria de impostos sobre os combustíveis.
«Parecia uma sessão de formação, explicou-nos passo por passo como se formam os preços e foi dando argumentos para responder aos ataques do PS». Nesta intervenção, Montenegro fez questão de sublinhar que o preço que os combustíveis atingiu esta semana, um aumento pesado, deixando o preço por litro, mesmo assim, abaixo do valor a que se vendiam quando o Governo iniciou funções.
Quanto às intenções do Executivo para o futuro, o primeiro-ministro foi claro: o Governo intervém nos preços em duas circunstâncias: se os aumentos persistirem a este nível por um período de cinco semanas, ou no momento em que o valor por litro atingir o nível que estava a ser praticado quando o Governo iniciou funções.
Um dos momentos altos da noite, de acordo com o relato ouvido pelo Nascer do SOL, foi o momento em que Luís Montenegro pediu apoio para Ana Paula Martins, presente na sala, já que é a presidente do conselho de jurisdição. A sala toda ter-se-á levantado em aplausos, fazendo lembrar «os tempos de Leonor Beleza», a ex-ministra que também estava na sala, uma vez que, é vice-presidente de Montenegro, e que se juntou à ovação.
Também aqui o líder do partido e chefe do Governo aproveitou para municiar os presentes com a argumentação em defesa de Ana Paula Martins. Garantiu Montenegro que a tarefa da ministra não é fácil, mas que a está a cumprir com distinção e, quanto ao caso Gandra d’ Almeida, empurrou responsabilidades para o anterior Governo do Partido Socialista.