Passou durante a semana no canal NOW uma reportagem sobre a atuação, muito bem preparada, da Polícia Municipal de Lisboa numa operação de investida aos vendedores de rua de material contrafeito. O Estado português é de tal modo desorganizado e incompetente que passados dois dias dessa operação, os vendedores de rua estavam de volta aos mesmos locais, e no caso da Torre de Belém as atividades de venda ilegal, que muito prejudicam o comércio local, estava a ser feita com dois agentes da PSP a metros de distância a conversarem um com o outro… Dou este exemplo como poderia dar centenas de outros relacionados com o ensino, com a justiça com a saúde, com a ditadura da estupidez profunda da burocracia a que cidadão e empresas são submetidos, com a confusa e lenta abordagem em tudo a que ao Estado e Administração Pública diz respeito, salvo, claro está, a voraz máquina cobradora da Administração Fiscal.
Esta falta de organização assenta numa incapacidade das diferentes forças políticas se entenderem quanto a matérias básicas e essa incapacidade e falta de humildade da generalidade das forças políticas assenta, em minha opinião, na defeituosa formação das respetivas lideranças. A propósito de falta de humildade e sobranceria, não posso deixar de lembrar que o atual primeiro-ministro diz ter reuniões e conversas (a nível internacional) que evidentemente e dada a sua incapacidade em falar inglês, não pode ter tido… É uma desorganização e incompetência e fingir que é organização e competência. Mau demais!
Essa degradação da classe política é observável faz muitos anos e constitui campo fértil para o crescimento dos radicais populistas das causas e soluções miraculosas. Os partidos ao tornarem-se cada vez mais albergues de incompetentes que encontram ali um meio de progressão na vida por via do cartão partidário estão a prejudicar o país. É essa incompetência que explica a incapacidade, legislatura após legislatura, da reforma do Estado, da reforma da educação, da reforma da justiça, da reforma da burocracia, enfim de um conjunto excessivamente vasto de matérias que prejudicam os portugueses, prejudicam o desenvolvimento económico e prejudicam o país em geral. Há vários domínios onde a incompetência é extremamente perigosa sendo que a política, por tratar da causa e do bem coletivo, faz parte desse grupo. Esse sistema da incompetência na política tem por denominação a caquistocracia.
Precisamos refletir sobre a ideia de que quem não é capaz de resolver o básico e as pequenas coisas, não estará certamente apto para resolver temas de maior complexidade. Sou por isso apologista de um aumento muito substancial da remuneração dos políticos eleitos de modo a que a nobre atividade da política atraia outros públicos e outros atores. O desenvolvimento do país e das causas comuns não estará devidamente assegurado enquanto a partidocracia vigente continuar à frente da governação. Tarefa complexa que obriga a uma revisão constitucional. Até lá o país não sairá do ponto de estagnação e estupidez organizacional em que se encontra.