O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, não vai entrar na corrida às eleições presidenciais. Ao Nascer do SOL, e como tornou público ontem à noite, o autarca admitiu que depois de ter ponderado «fatores pessoais e políticos» decidiu não avançar.
Rui Moreira lembra que foi abordado em julho por um grupo de pessoas que o desafiaram a considerar uma candidatura «que, anteriormente, e como tinha expressado, não estava no meu horizonte».
Esclareceu ainda que as pessoas que o desafiaram mostravam-se «ora preocupadas com a deriva anti-sistema de uma candidatura que antes os seduzira, ora estavam insatisfeitos com a possibilidade de sucesso dos candidatos originários dos partidos em que tradicionalmente votam» e que, nessa altura, prometeu que iria refletir se avançaria ou não.
«Prometi-lhes, sem compromisso, que iria fazer uma reflexão. Reflexão essa que está feita. Por um lado, fiz uma avaliação íntima e familiar. Devia eu, depois de 12 anos muito intensos, recuar na decisão de colocar um ponto final na minha atividade política, concluído que está em breve o ciclo em que presidi à CM do Porto?».
E acrescentou que, depois de ter avaliado com o seu núcleo duro as hipóteses de sucesso ou de insucesso de uma possível candidatura, admitiu que ficou com a convicção «de que o centro, desde o centro-esquerda ao centro-direita, tem um número grande de candidatos, o que favorece a dispersão do voto e facilita o eventual sucesso das candidaturas anti-sistema»
E disse mais: «Encontrei simpatia que muito agradeço mas, e digo-o com toda a humildade, a hipótese não suscitou entusiasmo. Nomeadamente das elites políticas e dos líderes de opinião».
Catarina avança
Também até esta semana incerta – mas acabou por avançar – estava a candidatura de Catarina Martins. A atual eurodeputada e ex-coordenadora do Bloco de Esquerda disse que decidiu anunciar a sua candidatura para cuidar da democracia, da liberdade, da igualdade, dos bens comuns e da paz. «Escrevo-te sabendo bem como estes anos têm sido exigentes com todas e todos os ativistas que constroem a esquerda. Que não largam a mão de quem está ao lado. Foram muitos os nossos combates, com tanta gente. E em todos nós nos reencontramos. Escrevo-te num momento em que o processo das eleições presidenciais já começou, já está no terreno, com os homens do costume. Dos que há décadas governam o país e dos que tentam rentabilizar a angústia, para fazerem o mesmo ou pior», disse numa carta enviada as militantes.
E acrescentou: «Apresento a minha candidatura presidencial com estas urgências. Uma candidatura inspirada na nossa força solidária, que faz pontes, que ouve e aprende com quem constrói Portugal todos os dias. E, claro, com a combatividade da mulher que sou. (…) Cuidar da igualdade e da liberdade. Juntar as forças para devolver a confiança da democracia».
Ventura ouve partido
Quem também deverá confirmar ainda hoje ou durante este fim de semana a sua candidatura às presidenciais é o líder do Chega, André Ventura. Em entrevista ao Nascer do SOL (págs. 14/19), Ventura reconheceu que «é uma decisão muito complexa e muito difícil». O líder do Chega disse ainda: «Se tiver de ir vou e vou com sentido de missão e vou para ganhar».
Já conhecidos estão os nomes de Henrique Gouveia e Melo, Luís Marques Mendes, António José Seguro, João Cotrim Figueiredo e António Filipe. Pelo caminho ficou António Sampaio da Nóvoa, que, apesar de nunca ter mostrado disponibilidade, era a esperança de muitos socialistas e bloquistas para protagonizar uma candidatura contra António José Seguro. Afastou o cenário de uma eventual candidatura: «Não estão reunidas as condições para uma candidatura aberta e plural, humanista, transversal aos mais diversos setores da sociedade, como aconteceu nas eleições de 2016, nas quais recebi 23% dos votos», justificou em agosto o professor universitário que já foi candidato às presidenciais de 2016.