Em contagem decrescente para as eleições autárquicas, os candidatos têm uma semana para mostrarem ainda o que valem. Nas capitais de distrito, são muitas as Câmaras em que está tudo em aberto, sobretudo pelo facto de um significativo número de autarcas estarem impedidos de concorrer por terem atingido o limite de mandatos.
Neste xadrez político, destaca-se o duelo entre PS e PSD – as duas principais forças políticas ao nível municipal – na tentativa de manter ou reconquistar o poder autárquico. Mas também há a expectativa em relação ao potencial crescimento do Chega, à capacidade de resistiência do PCP (CDU) e de afirmação da Iniciativa Liberal. Em Braga, por exemplo, a entrada na corrida do ex-líder da IL, Rui Rocha, ameaça a continuidade do PSD, com o PSa poder aproveitar-se de uma maior repartição dos votos à direita.
A polarização de votos à direita pode igualmente benificiar os socialistas em Faro, já que a capital algarvia é um dos concelhos onde o Chega, com o seu líder parlamentar, Pedro Pinto, conta reeditar um bom resultado (foi o mais partido votado nas últimas legislativas).
Ou seja, podemos esperar para o próximo dia 12 uma noite eleitoral em que tudo pode acontecer, com as atenções centradas nos dois principais duelos: em Lisboa, com Carlos Moedas em ligeira vantagem sobre Alexandra Leitão (ver sondagem na página 13) e no Porto, com Pedro Duarte e de Manuel Pizarro taco-a-taco.
Aveiro. Irmão do PSD contra irmão do PS
Luís Souto (PSD)/ Alberto Souto (PS) Com a impossibilidade da recandidatura de Ribau Esteves, por limite de mandatos, o PSD candidata Luís Souto, que competirá com o irmão Alberto Souto, do PS, que já esteve na liderança da autarquia. Uma Câmara que é liderada há 20 anos por uma maioria de direita, mas em que a disputa entre dois irmãos domina a corrida eleitoral.
Castelo Branco. Zanga socialista promete dividir
Leopoldo Rodrigues (PS)/ José Augusto Alves (PSD/CDS) Há seis candidatos a disputar a liderança da Câmara Municipal de Castelo Branco, mas a luta será dividida entre o socialista Leopoldo Rodrigues, que lidera a autarquia desde 2021, e José Augusto Alves, que é o rosto da coligação que junta PSD, CDS e militantes socialistas zangados com o partido. Está tudo em aberto.
Coimbra. Segundo mandato disputado
José Manuel Silva (Coligação ‘juntos somos coimbra’) e Ana Abrunhosa (PS) José Manuel Silva quer um segundo mandato, na coligação ‘Juntos Somos Coimbra’ que inclui o PSD, depois ter conseguido vencer com maioria absoluta nas últimas eleições. E leva vantagem clara sobre a candidata do PS, Ana Abrunhosa, antiga ministra nos governos de António Costa. Há sete candidatos, entre os quais José Manuel Pureza (BE).
Beja. PS à procura de último mandato
Paulo Arsénio (PS)/ Vítor Picado (CDU) Cinco candidaturas disputam a presidência da Câmara de Beja, que, desde as primeiras eleições autárquicas, em 1976, foi sempre governada à esquerda. O socialista Paulo Arsénio quer garantir o terceiro e último mandato à frente da autarquia. Vítor Picado, atual vereador sem pelouro, tenta recuperar a presidência que esteve nas mãos da CDU desde 1976 a 2009.
Bragança. PSD quer repetir resultado
Paulo Xavier (PSD)/ Isabel Ferreira (PS) Apresentam-se à corrida seis candidatos. O atual presidente da autarquia, Paulo Xavier (PSD), candidata-se pela 1.ª vez, já que assumiu o cargo, em 2024, quando Hernâni Dias foi eleito deputado – mais tarde nomeado secretário de Estado, acabando por se demitir após a polémica lei dos solos, voltando à Assembleia. O PS apostou em Isabel Ferreira, ex-secretária de Estado de Costa, com a expectativa de disputar a Câmara aos socialistas.
Évora. Luta entre comunistas e socialistas
João Oliveira (CDU)/ Carlos Zorrinho (PS) e Henrique Sim-Sim (PSD/CDS/PPM) Há oito candidatos que se apresentam a uma Câmara que só conheceu a gestão de duas forças políticas: PCP e PS. Com Carlos Pinto de Sá, eleito pela CDU, a atingir o limite de mandatos, o partido escolheu o eurodeputado João Oliveira para disputar as eleições. O PS optou por um antigo líder parlamentar, Carlos Zorrinho, mas Henrique Sim-Sim do PSD procura intrometer-se na luta.
Lisboa. À procura da reeleição
Carlos Moedas (Coligação ‘Novos tempos)/ Alexandra Leitão (Coligação ‘Viver Lisboa’) As eleições para a Câmara de Lisboa contam com a participação de 16 partidos, distribuídos por nove candidaturas. O atual autarca, Carlos Moedas, que governa sem maioria absoluta, após ter sido eleito em 2021 pela coligação ‘Novos Tempos’ – PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança, recandidata-se a um segundo mandato, com uma candidatura que reforça a parceria entre PSD e CDS-PP e acrescenta o apoio da IL. Mas conta com uma adversária de peso, a socialista Alexandra Leitão na coligação ‘Viver Lisboa’, que junta o Livre, BE e PAN. De fora ficou a CDU,que volta a apostar em João Ferreira. A luta está renhida.
Braga. IL baralha contas ao PSD
João Rodrigues (Coligação ‘Juntos por Braga)/ António Braga (PS) e Rui Rocha (IL) Será a corrida mais disputada de sempre, contando com 10 candidaturas. Até à data, a autarquia contou com apenas dois presidentes eleitos: Mesquita Machado, ao longo de 27 anos, e Ricardo Rio, que termina o seu terceiro e último mandato. A disputa deverá dividir-se entre João Rodrigues, a quem cabe a tarefa de tentar manter a liderança do município nas mãos do PSD, e pelo socialista António Braga, ex-secretário de Estado das Comunidades, que tem como objetivo recuperar a Câmara que o PS perdeu em 2013. A baralhar as contas está o ex-líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, que poderá ‘roubar’ votos ao PSD.
Faro. Disputa renhida a três
Cristóvão Norte (PSD)/ António Pina (PS)/ Pedro Pinto (Chega) São oito candidatos, mas a ‘guerra’ estará focada em três. A Câmara está desde 2009 nas mãos do social-democrata Rogério Bacalhau, que chega ao fim do 3.º mandato. O PSD escolheu o presidente da distrital do partido e deputado Cristóvão Norte para avançar. O PS António Pina, que não se pode recandidatar a Olhão. E o Chega o líder parlamentar, Pedro Pinto.

Porto. Quase empate
Manuel Pizarro (PS)/ Pedro Duarte (PSD) Com a saída de Rui Moreira, que atingiu o limite de mandatos, a disputa será renhida entre Manuel Pizarro, ex-ministro socialista, e Pedro Duarte, que saiu de ministro para liderar a coligação PSD/CDS/IL. A diferença nas sondagens é muito estreita e está dentro da margem de erro. Para trás fica Miguel Corte-Real – ex-líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal do Porto– que encabeça a lista do Chega.
Vila Real. PS segue isolado
O atual presidente, Alexandre Favaios, é a escolha do PS para liderar a Câmara de Vila Real. Favaios assumiu a liderança da autarquia a 7 de abril, substituindo Rui Santos, que tomou posse como deputado na Assembleia da República, após ter sido eleito nas legislativas de 18 de maio. Na corrida estão sete candidatos.
Guarda. Coligações em disputa
Sérgio Costa (Coligação ‘Pela Guarda’) /João Prata (Coligação ‘Guarda com Ambição’) Duas coligações e quatro partidos concorrem à Câmara. O atual autarca, Sérgio Costa, recandidata-se ao segundo mandato não como movimento independente, mas pela coligação ‘Pela Guarda’, que junta Nós, Cidadãos! e PPM. O social-democrata João Prata, que lidera a coligação ‘Guarda com Ambição- PSD/CDS-PP/IL’, vai tentar recuperar o município para as cores laranjas
Santarém. Mudança de cadeiras
Pedro Ribeiro (PS)/ João Leite (PSD/CDS) O socialista Pedro Ribeiro, atual autarca de Almeirim – e que exerce funções executivas na Câmara há 28 anos –, por atingir o limite de mandatos, ‘mudou-se’ para Santarém, mas terá de disputar o ato eleitoral com João Leite, candidato do PSD/CDS, que assumiu a liderança da autarquia, substituindo Ricardo Gonçalves, que pediu suspensão do mandato para tomar posse como presidente do Instituto Português do Desporto e da Juventude. Há seis candidatos.
Viseu. ‘Cavasquistão’ tremido
fernando ruas (PSD)/ João azevedo (PS) Fernando Ruas volta a avançar para Viseu depois de, em 2021, ter vencido as eleições e após ter liderado a autarquia entre 1989 e 2013. A capital de distrito que chegou a ser conhecido por ‘cavaquistão’, devido às maiorias absolutas conseguidas no tempo de Cavaco Silva, poderá assistir à entrada em cena do PS com o candidato João Azevedo, que foi autarca em Mangualde e entrou bem no eleitorado da cidade.
Leiria. PSD com hipótese de recuperar
Gonçalo Lopes (PS)/ Sofia Carreira (PSD) Há oito candidatos na corrida, mas a disputa está focada entre o socialista Gonçalo Lopes, atual presidente da Câmara – foi eleito pela primeira vez em 2019 e reeleito em 2021 –, e a social-democrata Sofia Carreira, que devolveu ao partido a esperança numa eventual recuperação da autarquia.
Setúbal. Regressa como independente
Maria das Dores Meira (Independente)/ André Martins (CDU) Maria das Dores Meira regressa a Setúbal como candidata independente, apoiada pelo PSD. Foi presidente da Câmara entre 2006 e 2021 como autarca do PCP e depois de ter atingido o limite de mandatos concorreu a Almada, onde saiu derrotada. Acabou por se desvincular do PCP. O atual autarca, André Martins, militante d’ Os Verdes, volta a recandidatar-se.
Funchal. Estreia na corrida
Jorge Carvalho (PSD/CDS) O cabeça-de-lista da coligação PSD-CDS, Jorge Carvalho, entrou na corrida depois da atual autarca, Cristina Pedra, ter recusado avançar com uma candidatura – assumiu funções em janeiro de 2024, após a saída de Pedro Calado, devido a suspeitas de corrupção na ilha envolvendo entidades públicas e empresários. Concorrem 14 candidatos.
Portalegre PSD com sombra do Chega
Fermelinda Carvalho (PSD/CDS)/ João Lopes Aleixo) Portalegre é uma autarquia que desde 2001 tem escapado ao domínio socialista. Fermelinda Carvalho recandidata-se à autarquia de Portalegre pela coligação PSD/CDS-PP, mas terá de disputar o ato eleitoral com João Lopes Aleixo, atual deputado do Chega. Pode ser das poucas conquistas do partido de André Ventura. Na corrida estão cinco candidatos.
Viana do Castelo. PSD ainda pode ganhar
Luís Nobre (PS) /Paulo Morais (PSD/CDS) Há sete candidatos a concorrer nas eleições de outubro à liderança da Câmara de Viana do Castelo, governada há 32 anos pelo Partido Socialista. O atual autarca socialista, Luís Nobre, recandidata-se a um segundo mandato e irá enfrentar a concorrência de Paulo Morais. O candidato apoiado pela coligação AD chegou a desfiliar-se do PSD, em 2013, e em 2019 concorreu às eleições presidenciais como independente.
Ponta Delgada. Reeleição garantida
Pedro Nascimento (PSD) Sete candidaturas, entre partidos, coligações e movimentos, apresentam-se na corrida à presidência da Câmara de Ponta Delgada, a maior autarquia dos Açores. O atual presidente, Pedro Nascimento Cabral (PSD), recandidata-se a um segundo mandato, enquanto o PS, que começou por se apresentar sozinho, formou a coligação ‘Unidos por Ponta Delgada’ com BE, PAN e Livre, liderada por Isabel Rodrigues, ex-secretária de Estado da Igualdade e Migrações. Há 7 candidatos.