Ryanair deixa de voar para os Açores a partir de Março

Empresa justifica decisão ‘com elevadas taxas aeroportuárias e com a inação do Governo português’.

A Ryanair anunciou esta quinta-feira que irá cancelar todos os voos de/para os Açores a partir de 29 de março, «devido às elevadas taxas aeroportuárias (definidas pelo monopólio aeroportuário francês ANA) e à inação do Governo português, que aumentou as taxas de navegação aérea em mais de 120% após a covid e introduziu uma taxa de viagem de dois euros, numa altura em que outros Estados da UE estão a abolir taxas de viagem para garantir o crescimento de capacidade». 

«Estamos desapontados por o monopólio aeroportuário francês ANA continuar a aumentar as taxas aeroportuárias portuguesas para encher os seus bolsos, à custa do turismo e do emprego em Portugal – particularmente nas ilhas portuguesas», diz o CEO da companhia aérea, acrescentando que, como resultado direto destes custos crescentes, a empresa diz não ter tido alternativa senão cancelar todos os voos para os Açores, realocando esta capacidade para aeroportos de menor custo noutros pontos da vasta rede do grupo na Europa.

 E acrescenta: «Esta perda de conectividade de baixo custo com os Açores é resultado direto do operador aeroportuário monopolista francês – VINCI – que impõe taxas aeroportuárias excessivas em Portugal (as quais aumentaram até 35% desde a Covid) e das taxas ambientais anticoncorrenciais impostas pela UE, que isentam voos de longo curso mais poluentes para os EUA e Médio Oriente, em detrimento de regiões remotas da UE como os Açores. Após 10 anos de operações da Ryanair durante todo o ano, uma das regiões mais remotas da Europa irá agora perder voos diretos de baixo custo para Londres, Bruxelas, Lisboa e Porto devido às elevadas taxas da ANA e à inação do Governo português».

Segundo a empresa, «o monopólio da ANA não tem qualquer plano para aumentar a conectividade de baixo custo com os Açores. A ANA não enfrenta concorrência em Portugal – o que lhe permitiu obter lucros monopolistas, aumentando as taxas aeroportuárias portuguesas sem qualquer penalização – numa altura em que aeroportos concorrentes noutros países da UE estão a reduzir taxas para estimular o crescimento. O Governo português deve intervir e garantir que os seus aeroportos – uma parte crítica da infraestrutura nacional, especialmente numa região insular como os Açores – sirvam para beneficiar o povo português e não um monopólio aeroportuário francês».