Os candidatos a Presidente da República têm até dia 18 de dezembro para entregar no Tribunal Constitucional as 7.500 assinaturas indispensáveis para a formalização da respetiva candidatura. Mas, se há quem se tenha apressado, há outros que ainda estão aflitos com o processo de recolha. O Nascer do SOL apurou que o candidato do Livre, Jorge Pinto, continua a apelar aos portugueses para que o seu nome apareça no ‘boletim’ de voto – como pode ver-se pelos ‘posts’ que colocou esta semana nas suas páginas nas redes sociais. Também ‘tremida’ está também a líder bloquista Catarina Martins.
É certo que todas as candidaturas entregam sempre muito mais do que o número mínimo exigido pela lei com receio de que o TC possa considerar que algumas não são válidas. Isto porque este processo de recolha é exigente e, além disso, nenhum cidadão pode apoiar mais do que uma candidatura a Presidente da República, o que poderá hipotecar potenciais apoios. Por outro lado, tanto a candidata bloquista como o do Livre foram os últimos a oficializar as suas candidatura, atrasando-se no processo. Catarina Martins deu esse passo no dia 18 de outubro, quase a seguir às eleições autárquicas, enquanto Jorge Pinto o fez apenas no dia 1 de novembro.
O nosso jornal sabe que o candidato do Livre, após o debate com António José Seguro, que se realizou a 1 de dezembro, conseguiu arregimentar mais assinaturas, mas, ainda assim, Jorge Pinto nesse mesmo dia recorreu às redes sociais para fazer novo apelo: «Saí do debate ainda mais certo do que já sabia: vale a pena pôr esta candidatura de pé. Agora falta o detalhe que decide tudo. Precisamos de 1.000 assinaturas para garantir o meu boletim», escreveu no Instragram. E voltou às redes sociais no dia seguinte a apelar à recolha de assinaturas em momentos diferentes: «Portugal ainda olha para pessoas com deficiência com um paternalismo que não faz sentido num país que se quer justo. A minha visão é diferente. Quero um país que garanta autonomia, que retire barreiras em vez de as impor, que permita a cada pessoa viver plenamente sem ter de se adaptar a um país que não a vê. É este o Portugal que quero ajudar a construir. Se é também o teu, diz presente comigo. Vai a jorgepinto2026.pt e assina a declaração de apoio» e «Sigo confiante. E quero entrar nas eleições com a mesma confiança».

Ao que o nosso jornal apurou, o candidato do Livre prepara-se para entregar as assinaturas no Tribunal Constitucional mais perto do final do prazo e o dia está dependente da sua agenda de campanha. A recolha está a ser feita em plataformas digitais, mas também em formato físico, daí a demora na validação por parte do partido.

Também Catarina Martins está a apostar as fichas em todo o território nacional, o que obriga o partido a fazer essa recolha junta das distritais. Fonte da candidatura revelou ao Nascer do SOL que a entrega no TC deverá ser feita no decurso da próxima semana, recusando-se a adiantar o número de assinaturas que já tem.
Primeiro a entregar
João Cotrim Figueiredo foi o primeiro candidato a entregar as assinaturas no Tribunal Constitucional, no dia 3 de novembro. O liberal chegou a revelar que tinha conseguido atingir o número necessário em 48 horas, um recorde que acabou por ser batido por André Ventura imediatamente a seguir, ao conseguir reuni-las em apenas cinco horas.
O nosso jornal sabe que o sucesso de Cotrim está no facto de ter recorrido às bases de dados digitais da Iniciativa Liberal. Aliás, a campanha chegou a esclarecer que «não foi feito qualquer contacto pessoal ou partidário», já que não foram recolhidas assinaturas físicas. «Apenas com um contador no site de campanha e publicações da evolução do número de assinaturas nas suas redes sociais, Cotrim Figueiredo ultrapassou um processo que costuma ser moroso e trabalhoso em 48 horas», explicou.
Também António Filipe já regularizou a situação. Fonte da campanha resumiu ao Nascer do SOL: «O processo de candidatura de António Filipe foi entregue no Tribunal Constitucional esta manhã [quinta-feira, 4 de dezembro], totalizando 12 .888 proposituras».
Recordista
A 12 de novembro, André Ventura anunciou que conseguiu reunir as 7.500 assinaturas necessárias para formalizar a sua candidatura à Presidência da República em apenas cinco horas. «Nunca se viu tanta mobilização. E isto apesar de todos os ataques. Obrigado! Vamos com força abanar este Sistema!», disse o candidato nas redes sociais. Mais tarde, a sua direção de campanha esclareceu que «este resultado demonstra uma ampla mobilização de cidadãos em todo o mundo e o forte empenho de todos os que apoiam esta candidatura». Disse ainda que as assinaturas foram recolhidas através da plataforma da Administração Eleitoral da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, recorrendo à chave móvel digital.
Data marcada
Já com as assinaturas recolhidas há muito está Henrique Gouveia e Melo. O Nascer do SOL sabe que a entrega será feita no próximo dia 10, data escolhida de forma simbólica pela candidatura, uma vez que se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos, considerado «um pilar fundamental da Constituição». O nosso jornal sabe a recolha foi feita com muita antecedência, daí ter conseguido exceder largamente o número necessário e, a par da recolha digital, a candidatura reforçou a sua aposta com bancas nas capitais de distrito e até nas praias durante o verão.
Ainda sem data marcada mas com a promessa de serem formalizadas em breve no TC_estão as candidaturas de António José Seguro e de Luís Marques Mendes, mas, ao que o nosso jornal apurou, o número de assinaturas necessárias também está mais do que fechado.
‘Eterno’ candidato
Já o músico Manuel João Vieira entregou nesta quarta-feira no Tribunal Constitucional 12.500 assinaturas para formalizar a sua candidatura presidencial. O candidato disse que o processo de recolha foi «trabalhoso», identificando como maior problema a obtenção de alguns documentos. Apesar de já ter manifestado intenção de se candidatar em anteriores eleições, o vocalista dos Ena Pá 2000 nunca conseguiu formalizar a candidatura, por nunca ter conseguido apresentar 7500 assinaturas devidamente validadas.
Além de Manuel João Vieira, também Humberto Correia entregou ontem no TC 9500 assinaturas. O pintor e autor que concorre sem quaisquer apoios, disse ter recolhido sozinho as assinaturas necessárias, durante quatro meses, tendo enviado mais de três mil cartas para todo o país, incluindo Madeira e Açores.