O dia de hoje é um abanão no regime. Ricardo Salgado era conhecido em alguns meios como o ‘DDT’, o Dono Disto Tudo, tal o poder e a influência que ganhou nas últimas duas décadas. Almoços com primeiros-ministros, férias com empresários e jantares com magnatas resultaram num grupo quase omnipresente nos negócios do país. João Rendeiro no BPP e Oliveira e Costa no BPN eram figuras menores do sistema financeiro português. Salgado era o rei.
É deposto sem glória pela crise internacional, pelo Banco de Portugal e pelo Ministério Público. Anos de falsificação de contas e de esquemas fiscais para esconder o estado depauperado a que chegou o Grupo Espírito Santo terminaram de forma abruta, sem que os impactos das irregularidades na economia sejam conhecidos na totalidade. Mas Salgado deixa mais do que as repercussões meramente financeiras. A família demorará anos a recuperar o prestígio que já teve – se o recuperar. Como o próprio Salgado disse à imprensa há uns anos: “Tudo se compra e se vende, excepto a honra”.
Editor de Economia do SOL