Consequências da detenção de Sócrates

Escrevo sábado, por volta das 18h30, pelo que tudo o que sabemos que Sócrates foi detido. Ainda não sabemos que medida de coacção será decretada pelo juiz, se alguma for. Mas já se podem escrever algumas coisas.

Em primeiro lugar, não foi uma surpresa completa. Há anos que circulavam rumores sobre os negócios ilícitos de Sócrates.

Evidentemente, como qualquer pessoa, Sócrates tem direito à presunção da inocência: é considerado inocente até que um juiz decida em contrário.

Independentemente das questões jurídicas, a detenção de Sócrates altera radicalmente o jogo político. Joga contra o PS, e a favor da maioria governamental.

PSD e CDS voltaram a ter esperança de, em 2015, renovarem a maioria.

Se PSD e CDS não paravam de falar da pesada herança que, segundo eles, lhes foi deixada pelo último governo de Sócrates, agora é certo que não deixarão este assunto em paz até às próximas eleições.

Para António Costa, que foi o nº 2 de Sócrates e que se orgulhava do seu passado, tentando nas últimas semanas reabilitar a herança do antigo primeiro-ministro, esta é uma péssima maneira de começar o seu período como líder da oposição.

Tem agora de se distanciar de Sócrates, e cabe-lhe a árdua tarefa de convencer os portugueses que os políticos, em geral, e os do PS, em particular, não são um bando de criminosos.

A outra grande baixa, para além do PS, é a imagem externa de Portugal. É raro, nos países desenvolvidos, os ex-primeiro ministros serem detidos. Mas pior seria, claro, se a justiça não funcionasse.

Uma última nota para António José Seguro que, neste momento, deve estar razoavelmente satisfeito. Ele nunca suportou Sócrates.