CDS prefere mais deputados do que cabeças-de-lista

Com as conversas sobre a renovação do acordo de coligação a manterem-se restritas a Passos Coelho e Paulo Portas, aumenta a especulação no PSD e no CDS em torno de como será feita a distribuição de lugares em listas conjuntas.

CDS prefere mais deputados do que cabeças-de-lista

Em cima da mesa estará, nesta altura, a distribuição dos lugares nas listas conjuntas e também a escolha dos cabeças-de-lista nos vários distritos. No PSD é dado como certo que Paulo Portas, enquanto líder do CDS, encabeçará uma lista, muito provavelmente em Aveiro, o círculo por onde tem sido sempre eleito. E a direcção social-democrata também considera “natural” que caso os ministros do CDS queiram ser candidatos a deputados possam vir a encabeçar listas, nomeadamente Assunção Cristas e Luís Pedro Mota Soares.

A possibilidade de ter dirigentes seus em número um nas listas de candidatos é, para já, desvalorizada pelos centristas – que até admitem que, entre ter cabeças-de-lista ou mais lugares no Parlamento, “não há dúvidas de que o CDS prefere ter mais deputados”, como assume um vice-presidente de Portas.

O ponto de partida para a elaboração das listas conjuntas do PSD e do CDS deverão ser os resultados obtido pelos dois partidos nas eleições legislativas de 2011 – sendo que em ambos os partidos se reconhece que será necessário adoptar “factores de correcção”. Centristas e sociais-democratas variam, porém, sobre o sentido em que deve operar a correcção.

Do lado do PSD há a convicção de que o CDS está hoje “mais fraco” do que em 2011. E até se ironiza que não será por acaso que Paulo Portas “está a fazer uma guerra às sondagens”. Mas os sociais-democratas também reconhecem que será uma negociação muito difícil e que não haverá como fugir aos resultados que o CDS alcançou em 2011 (11,7%).

Um dos exemplos de factores de correcção que poderão ser aplicados tem a ver com os votos do CDS nos distritos do interior – como Guarda, Castelo Branco, Portalegre e Vila Real – “serem desperdiçados”, refere um dirigente centrista. Nestes distritos, é muito difícil o CDS conseguir eleger deputados e “esses votos podem ser aproveitados pelo PSD numa coligação, sendo depois o CDS compensado noutros distritos”, acrescenta a mesma fonte.

 

'Impossível' recorrer aos resultados das europeias

A maioria dos dirigentes ouvidos pelo SOL afasta a hipótese,  aventada por alguns, de a distribuição de lugares nas listas ter como base o resultado da coligação PSD/CDS nas eleições europeias do ano passado.

Por um lado, considera-se “matematicamente impossível” fazer as contas aos votos que são de um e de outro partido, como argumenta um vice-presidente de Paulo Portas. Por outro lado, “é muito difícil fazer a transposição de resultados de umas eleições nacionais para a elaboração de listas distritais”, reforça um vice-presidente de Passos Coelho.

As negociações preliminares que já decorrem há algum tempo entre os líderes dos dois partidos estão a ser conduzidas com a máxima discrição, ao ponto de nem os membros do núcleo duro das direcções de Passos e de Portas estarem a par das conversas entre ambos.

sofia.rainho@sol.pt