Portas agradece aos portugueses, Passos fala em Abril

“Social” é a palavra -chave do discurso da coligação Portugal à Frente (PàF). Depois de quatro anos de austeridade, PSD e CDS querem virar agulhas e apresentaram esta quarta-feira aquele que Paulo Portas considerou ser um programa “marcadamente social”.

Numa sala a rebentar pelas costuras, repleta de governantes, deputados e cabeças-de-lista às próximas eleições, as "mensagens chave" – como lhes chamou Passos – foram a aposta num "Estado social viável", a recuperação do rendimento da classe média e a criação de emprego através do desenvolvimento económico.

Portas anunciou querer reservar "apenas uma palavra" ao passado, deixando um "obrigado" aos portugueses.

Mas a sombra de 2011, o ano do pedido de ajuda à Troika, pairou sempre sobre os discursos dos líderes do PSD e do CDS.

"Quem resolveu o passado é, de facto, quem tem a chave do futuro", garantiu Passos Coelho.

"Fomos nós que demonstrámos que podemos defender o Estado Social do socialismo", afirmou Passos, prometendo uma reforma do Estado que não será constrangida "por complexos de natureza ideológica nem por utopias que vivem mal com os tempos modernos".

O líder do PSD acredita, aliás, que o caminho que o Governo iniciou abrirá a porta a um Estado social mais sustentável. "Estamos hoje a lutar mais por Abril e pela liberdade do que em muitos anos", defendeu.

Pelo meio, uma mensagem política forte, que quase passava despercebida, com Passos a lembrar que um resultado de maioria relativa pode afundar Portugal num período de incerteza. "O futuro do país depende directamente das escolhas das próximas eleições".

Foi o ensaio de um discurso de apelo à maioria absoluta, com o acenar do fantasma da instabilidade, que deve marcar a campanha.

Segurança Social é tema chave

Passos fugiu a um discurso sobre medidas concretas, deixando a Portas um dos temas que deverá marcar toda a campanha: a reforma da Segurança Social.

O debate no interior da coligação foi intenso sobre se a PàF deveria ou não apresentar já uma solução para o buraco de 600 milhões de euros na Segurança Social. Mas PSD e CDS acabaram por se render à evidência de que seria impossível fugir ao tema.

Paulo Portas reservou-lhe espaço de honra no discurso, mas resolveu apresentar as ideias da coligação por contraponto às do PS.

O líder do CDS definiu a ideia da coligação como "uma proposta moderada e centrada", explicando que onde o PS quer "um plafonamento obrigatório", a PàF defende "uma moderação contributiva voluntária".

A mensagem é clara "há radicalismo" na proposta do PS para a Segurança Social, que pode pôr em causa a sustentabilidade do sistema.

AS PROMESSAS DA MAIORIA

Coube também a Portas elencar algumas das medidas dos três pilares do programa da coligação: a recuperação dos rendimentos, a sensibilidade social e a moderação das soluções.

O aumento do quociente familiar do IRS dos 0,30 para os 0,50 – "semelhante ao melhor da Europa, o francês" -, os estímulos à contratação de desempregados, o aumento da pensão dada às mães, a reposição dos quarto e quinto escalões do abono de família, mas também a universalização do pré-escolar e do médico de família foram algumas das medidas concretas que Portas destacou.

O objectivo, explicou Paulo Portas, é "vertebrar a classe média", porque essa é "a chave para o êxito de um país".