Olha-me nos olhos

Andamos todos de igual. Vestimos as mesmas roupas ditadas pelas marcas de que mais gostamos. Somos muitas vezes reféns do que está na moda, do que se usa por aí ou do que aquele ou aquela de quem gostamos e com quem nos identificamos veste. Somos um produto da informação generalizada, das economias de escala,…

Razão pela qual cada vez mais são as nossas características emocionais e o nosso intelecto que baralham a parametrização onde supostamente fomos inseridos. Porque é nesse arrojo e nessa capacidade para colocarmos o pé fora da nossa zona de conforto que reside a superação das nossas próprias expectativas. Inteligência e resiliência. Capacidade para desafiarmos as leis que nós próprios nos impomos. As leis e as amarras virtuais.

É por isso que na noite como na vida sobressaem os mais astutos e audazes. Isso nota-se na forma como as pessoas se relacionam, como se aproximam e montam a sua estratégia. Como na selva, pois claro, onde impera a lei do ‘mais forte’. É apaixonante tirarem uns minutos da vossa noite para se encostarem ao bar a observar tudo o que se passa à vossa volta e tentar consequentemente interpretar gestos, projectos de intenções, atitudes.

Eu gosto sobretudo de avaliar o olhar. A leitura que fazes das pessoas através dos olhos é intensa, profunda. Há vezes em que parece que podemos beber a alma e chegar ao fundo da pessoa que está à nossa frente. Pessoas vazias de conteúdo, em sofrimento ou muito faladoras tendem mais facilmente a entregar-se. As diversas tipologias de olhares, a estratégia, inocência ou timidez por trás de cada um deles é um mistério que tentamos sempre decifrar.

São esse tipo de jeitos, gestos ou formas de estar que nasceram connosco ou aprendemos a construir, de forma estratégica ou pura, que nos caracterizam de forma indelével e nos distinguem num mundo tão igual. É essa a essência que procuramos nos outros e é a forma como interagimos com essas particularidades que desperta a curiosidade nos outros!