Belém e Nóvoa longe do pleno

Com o anúncio da candidatura de Maria de Belém, no início desta semana, as contas agravam-se para Sampaio da Nóvoa e os socialistas dividem-se cada vez mais. Mas nem o ex-reitor da Universidade de Lisboa, nem a ex-ministra da Saúde de António Guterres conseguem o pleno de apoios entre os seus pares. 

Até agora, só o reitor da Universidade do Algarve, António Branco, manifestou o apoio público a  Nóvoa, integrando a comissão de candidatura. Enquanto que o reitor da Universidade Nova de Lisboa, António Rendas, e do ISCTE, Luís Reto, fazem parte do grupo de cem personalidades que apelou à candidatura de Belém.

Mas será esta dispersão de apoios estranha? “Precisamos de um Presidente que seja capaz de gerar consensos e que conheça os meandros da política. Não estamos a escolher um representante dos reitores ou da academia”, garante ao SOL Luís Reto.

Maria de Belém, que anunciou esta segunda-feira a candidatura – através de um comunicado, na mesma altura em que António Costa dava uma entrevista à SIC – granjeia o apoio de três ex-ministros de governos socialistas:  Alberto Martins, José Lello e Vera Jardim. Nesta corrida, Sampaio da Nóvoa parte em vantagem, obtendo oito apoios públicos de ex-governantes: João Cravinho, Mário Lino, Correia de Campos, Augusto Santos Silva, António Mendonça, Gabriela Canavilhas e Ana Jorge.    

A ex-ministra da Saúde do Governo de Sócrates é dura na crítica ao timing escolhido por Maria de Belém. “Não me parece  bem que tenha avançado nesta altura. Ou tinha sido feito há mais tempo ou depois das legislativas. E é estranho ter acontecido no dia da apresentação das listas e durante uma entrevista de Costa. São coincidências a mais”, diz ao SOL Ana Jorge.

 Também o ex-ministro da Economia e do Trabalho de Sócrates, Vieira da Silva, questiona o momento: “Não o entendo”, refere. Para Vieira da Silva, o PS deve concentrar-se na disputa pelas legislativas. “Muita coisa, no país e no PS, depende da concentração nas legislativas. Tenho dificuldade em compreender como se coloca a atenção política, em particular camaradas meus no PS, nas presidenciais”, acrescenta.

Já António Arnaut, ‘pai’ do Serviço Nacional de Saúde, nota que quando manifestou apoio público a Nóvoa, Belém – de quem é amigo – ainda não se tinha candidatado e adianta não ver “drama” em haver dois candidatos na área socialista. “São candidatos que se completam, Nóvoa terá mais votos à esquerda e Belém na ala direita”, prevê. Arnaut parece até acreditar mais no desempenho da socialista: “Estarei com entusiasmo com Maria de Belém na segunda volta”.

Nóvoa sobe ritmo, Belém só depois das legislativas

Sampaio da Nóvoa já está na estrada desde que lançou a candidatura, a 29 de Abril, e tem intensificado o ritmo nos últimos dias.

De Norte a Sul do país, o professor catedrático chega a ter seis iniciativas por dia. Sexta-feira esteve na Póvoa de Varzim e ontem em Viseu e Vila Nova de Paiva.

Enquanto isso, a socialista, para já, não tem iniciativas e ainda não tem sequer direcção nem estrutura de campanha. “Até às legislativas zero, não há campanha”, afirma fonte próxima, invocando o facto de ser candidata, ainda que suplente, ao Parlamento.

*com Manuel Agostinho Magalhães

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