Uma maioria quê? Passos Coelho acha que não precisa de dizer

O discurso já se antecipava nos últimos dias: estava a chegar a hora de reclamar maioria e eram cada vez mais as vezes que os apoiantes gritavam por ela nas ruas. O momento chegou no dia em que a PàF juntou mais de seis mil pessoas num dos maiores eventos partidários dos últimos anos.

Paulo Portas deu o pontapé de saída, apresentando a coligação como a força que formará uma “maioria positiva” por oposição à “maioria negativa” que há o risco de PS, PCP e BE formarem no Parlamento, mesmo que a PàF fique à frente em percentagem de votos – caso não consiga ter mais mandatos.

A ideia é que as pessoas percebam que, mesmo que a coligação ganhe em percentagem, não ter maioria absoluta tornará impossível aprovar um Orçamento e – como Passos já avisou esta tarde na arruada de Espinho – pode fazer com que o país esteja de novo em eleições daqui a menos de um ano.

O lógico seria pedir uma “maioria absoluta”, mas a palavra “absoluta” parece escaldar e Passos Coelho evitou-a a todo o custo.

Pediu apenas “uma maioria”. E antecipou as reações que os comentadores terão a este seu discurso sem adjetivo para a maioria que reclama.

“Mas ele não disse que maioria era. Porque é que ele não qualifica a maioria?”, disse, para chegar à conclusão de que os eleitores não precisam que adjetive o que pede.

“Algum português tem dúvidas sobre o que significa ter uma maioria no Parlamento? Eu acho que os portugueses não precisam de ter essa explicação”, limitou-se a responder.

margarida.davim@sol.pt