Ana Catarina Mendes diz que esquerdas vão “encontrar soluções dentro das divergências”

“Sem drama”. É assim que Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS, vê a relação entre PS, BE, PCP e PEV, um dia depois de os partidos mais à esquerda terem exigido mais dureza aos socialistas na relação com Bruxelas.

"Cada partido prosseguirá a sua agenda no que não for incompatível com o apoio ao Governo", explicou a dirigente socialista, que acredita que será possível encontrar formas de aproximar as posições dos vários partidos à esquerda. "Vamos encontrar novas soluções dentro das nossas divergências ".

"Diálogo, compromisso, persistência, coragem, ousadia e capacidade de transformar " serão, acredita Ana Catarina, a "marca do PS" neste ciclo político, que a socialista acredita que será para quatro anos.

Apesar de BE e PCP estarem a fazer pressão para uma renegociação da dívida, vista como "difícil" dentro do PS, Ana Catarina Mendes não vê sinais de instabilidade política numa solução de governação em relação à qual admite haver "socialistas que são cépticos ".

O caminho "de quatro anos", como frisou por várias vezes durante a sua intervenção nas jornadas parlamentares do PS em Vila Real, será feito num constante diálogo de "proximidade", assegura a secretária -geral adjunta.
PS explica-se ao fim da tarde no Rato

Por isso é depois das sessões públicas de esclarecimento do Orçamento do Estado, o PS vai inaugurar um ciclo de conferências. São os "fins de tarde do Largo do Rato", onde estará no início do próximo mês o ex-líder socialista António Guterres, para uma conversa com refugiados, semanas depois de ter sido convidado pelo PSD para as jornadas parlamentares dos sociais-democratas.
 

Bem prega Frei Tomás 
 

Se Ana Catarina Mendes deu resposta à esquerda, Augusto Santos Silva – que encerrou S jornadas aonde Costa não conseguiu estar presente por ter ficado retido no Conselho Europeu sobre o Brexit – ficou encarregado de falar para a direita.

O ministro dos Negócios Estrangeiros questionou a "autoridade" do PSD para vir criticar o Orçamento do Governo depois de ter falhado todas as metas orçamentais a que se propôs. 
"Bem prega Frei Tomás", ironizou o governante, lembrando que o Governo de Passos aumento o défice nominal, o défice estrutural e a dívida e diminuiu o rendimento dos portugueses.
Quanto à alternativa, Santos Silva diz que os socialistas sabem qual seria: o Programa de Estabilidade entregue em Bruxelas em abril do ano passado.

"A nossa proposta é muito diferente da alternativa da direita", frisou, acusando o PSD de ter uma "proposta de empobrecimento" por contraponto com uma proposta que aposta na economia e no crescimento.

Para Santos Silva, consolidação orçamental e crescimento não são incompatíveis, mas antes "a face a coroa da mesma moeda". Algo que, acredita o socialista, a "receita austeritária" nunca entendeu e, por isso, falhou.

Para o futuro, Augusto Santos Silva põe na agenda a descentralização, apoiada numa maior democratização das CCDR e num reforço de transferências de recursos para os municípios, e a tão anunciada reforma do Estado.

A quem pergunta se as reformas estruturais vão parar com o PS, o MNE responde: "não, não vamos" e acha até que a pergunta está mal feita. "A pergunta certa é se vamos começar com as reformas estruturais". E aí, garante, Santos Silva, a resposta é um "sim".

margarida.davim@sol.pt