Marcelo rendido ao Acordo Ortográfico

Há um antes e um depois na escrita do Marcelo. No fim de semana, o Presidente eleito escrevia para o Expresso um artigo de opinião com a antiga ortografia. Esta quarta-feira, o discurso de tomada de posse distribuído aos jornalistas já foi todo de acordo com as novas regras.

Não é de estranhar. Como Presidente em efetividade de funções, Marcelo Rebelo de Sousa tem de cumprir a norma ortográfica em vigor. Será assim em todas as suas notas e escritos oficiais, como manda a lei que obriga a que toda a documentação do Estado cumpra o Acordo Ortográfico de 1990.

No entanto, o facto de Rebelo de Sousa ter optado pela antiga grafias das palavras no texto que escreveu para a revista do Expresso não deixou de gerar expectativas entre os mais críticos do Acordo Ortográfico. 

Tanto mais que o novo Presidente chamou para Belém alguns dos mais críticos das novas regras de escrita. Pedro Mexia, seu assessor cultural, Eduardo Lourenço e António Lobo Xavier, conselheiros de Estado indicados por si, são ferozes opositores ao acordo. Todos já fizeram declarações públicas ou participaram até em iniciativas para alterar um acordo que entendem não fazer sentido e desvirtuar a língua portuguesa.

Ao i, o presidente da Academia das Ciências, também ele com dúvidas confessas sobre a bondade do acordo, admitiu que gostaria de ver o Presidente Marcelo tomar a iniciativa de"chamar a Belém" as autoridades linguísticas para realizar um debate académico e científico sobre o tema e propor uma revisão do Acordo de 1990.

O próprio assessor para a Cultura de Marcelo, Pedro Mexia admitiu também ao i que "há a expectativa" de que o novo Presidente reabra o debate sobre um assunto que ainda está longe de ser pacífico.

Agora, Marcelo conforma-se com as regras em vigor. Resta saber se iniciará o debate que alguns gostava que fosse reaberto.