Jornal de Angola critica imprensa portuguesa no primeiro editorial de 2017

O Jornal de Angola voltou a criticar a imprensa lusa, acusando de ingerência e de não aceitar a independência angolana.

O texto surge num editorial intitulado 'Desejos para o Novo Ano', do diretor do jornal estatal angolano, publicado no primeiro dia de 2017.

"Ainda para 2017 seria bom que, de uma vez por todas, a imprensa portuguesa entendesse que Angola é um país independente e que, como tal, tem todo o direito de pensar pela sua cabeça e não andar ao som da música que lhe querem impingir empresas de comunicação tecnicamente falidas que não olham a meios para tentar aumentar as suas fracas audiências", pode-se ler no editorial.

O principal alvo do editorial do Jornal de Angola é o grupo Impresa. "O império mediático de Francisco Pinto Balsemão tem-se mostrado particularmente atento, não perdendo uma oportunidade de chamar os seus habituais 'opinadores' contratados para falar de Angola quase sempre cegos pelo ódio e, por isso mesmo, formatados num programa já desatualizado", diz o jornal. 

O editorial defende ainda que “é tempo de perceber que Angola não deixará de ser um país independente, com defeitos e virtudes, mas com o pleno direito de se deixar governar por aqueles que o povo elegeu e que, por mais campanhas que lhes tentem impingir, nunca mais aceitarão as imposições externas com um bafiento cheiro a neocolonialismo".

Ainda assim, o editorial ressalva ser “evidente que o povo e o Governo português não têm nada a ver com aquilo que é o sonho neocolonialista que diferentes grupos de pressão internos exercem sobre Angola".

"Por isso, e muito bem, os portugueses que aqui vivem são tratados como nossos irmãos e, como tal, respeitados com toda a mesma fraternidade com que os portugueses tratam os angolanos que lá vivem", escreve o jornal.

O editorial termina a dizer que o Governo português "merece, inapelavelmente, o respeito devido a um país irmão" e destacou os "laços de uma história e de uma cumplicidade que alguma imprensa portuguesa, por muito que tente, nunca conseguirá apagar".